A ‘Missão País’ a decorrer até domingo em Boliqueime e levada a cabo pelos universitários da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL) é a primeira no Algarve a contar com a participação de uma religiosa.
A sugestão da participação de consagradas (assim como de seminaristas), para além dos sacerdotes, é feita anualmente pela equipa nacional do projeto, mas só este ano aconteceu no Algarve.
A irmã Dina Henriques, da congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, foi convidada pelo assistente espiritual da missão em Boliqueime, tendo servido o padre Miguel Ângelo Ferreira de interlocutor da vontade dos estudantes. “Quando soubemos da possibilidade de ter uma irmã connosco achámos que seria um testemunho diferente”, explicaram os chefes gerais Alexandre Gonçalves e Rita Garcez à reportagem do Folha do Domingo.
A religiosa considera ter sido “um convite muito bonito”. “Ser irmã ao lado deles nos diferentes serviços, nas diferentes comunidades e na oração é uma missão importante”, refere, explicando que a sua presença não é para a organização. “Se eu não estivesse, a missão fazia-se na mesma. Tem sido uma experiência muito bonita porque o que pediram foi para conhecerem o que é ser consagrada”, testemunha, acrescentando que o seu contributo passa por “estar ao lado, testemunhando com eles o que é o serviço, a oração e também respondendo às perguntas que fazem”. “Estou em missão com eles e vou passando pelas várias comunidades”, complementa, referindo também a presença nos momentos de oração e de refeição.
A irmã Dina Henriques, que reside na casa de formação da sua congregação em Belas, município de Sintra, e já trabalha com jovens em paróquias, retiros, exercícios espirituais, férias, entre outras iniciativas, explica que conhecia a ‘Missão País’ por ter feito parte da comunidade da Benedita, no município de Alcobaça, que nos últimos três anos também acolheu o projeto. Por outro lado, o contacto com a iniciativa de voluntariado estudantil também lhe foi proporcionado através dos sobrinhos que foram participantes nela.
A consagrada sublinha que os três “pilares da vida cristã – oração, fraternidade e serviço – são vividos intensamente” na ‘Missão País’, onde garante haver uma “dimensão do Espírito muito grande”. “Vemos jovens a abrirem-se a Deus. Há jovens que estão muito empenhados em movimentos e paróquias, mas há jovens que não, que foram convidados por um amigo e que se vão abrindo e fazendo questões da própria fé”, conta, referindo-se a “dúvidas” e a “lutas interiores” de alguns participantes. “Para mim é rico ver como Deus está vivo e o Espírito Santo é uma realidade que atua mesmo”, testemunha, acrescentando: “Aqui a catequese é pouca, mas a vida é muita. Deus atua e serve-se de nós quando damos aos jovens a oportunidade de fazer experiência daquilo que é o essencial da vida cristã”.
A religiosa diz que se Deus se servir do seu testemunho para chamar alguma estudante para a vida consagrada será “uma riqueza”. “Se pelo meu testemunho sou meio para que Deus possa chamar, dou graças na minha humildade”, refere, considerando ser importante testemunhar “os diferentes modos de estar, estados de vida e as diferentes vocações”.
Admitindo a possibilidade no próximo ano de voltar a fazer a experiência se for convidada para isso, disse ser “muito importante a presença da vida religiosa na ‘Missão País’”.