
As captações de água para abastecimento público no concelho de Monchique vão ser reforçadas através de um sistema que prevê a recarga artificial dos aquíferos com água armazenada durante o inverno, anunciou hoje a empresa promotora.
“Trata-se de um projeto-piloto que pretende manter a regularidade dos caudais das captações, através de um sistema simples de armazenamento de água no inverno, para depois poder ser infiltrada nos aquíferos”, disse à agência Lusa José Martins Carvalho, diretor da empresa TARH – Terra, Ambiente e Recursos Hídricos, promotora do projeto.
Denominado “SOWAMO – Semear água na serra de Monchique”, o projeto consiste na construção de uma estrutura que canalizará a água para bacias de armazenamento no subsolo, aproveitando os excedentes durante o inverno, permitindo posteriormente o abastecimento dos aquíferos.
“Não estamos a inventar nada, mas sim a implementar um sistema conhecido”, disse José Martins Carvalho.
De acordo com este responsável, o projeto surgiu com o objetivo de demonstrar que é possível melhorar a produtividade e a regularidade de caudais das captações, através de um simples sistema de recarga de aquíferos”.
Monchique foi o concelho escolhido para a implementação do projeto-piloto, “devido à configuração das captações de abastecimento público, sobretudo nascentes, galerias e furos horizontais, que as torna extremamente vulneráveis à variabilidade meteorológica”.
“Face ao risco de alteração do regime de precipitações para eventos mais concentrados, torna-se necessário tomar passos no sentido de melhorar o sistema”, frisou José Martins Carvalho, acrescentando que o sistema de abastecimento público de Monchique utiliza os recursos hídricos subterrâneos para o seu funcionamento normal, garantindo água de qualidade a um preço reduzido.
Além da construção de um canal, será efetuado “o registo e monitorização constante de dados”, sublinhou.
Segundo José Martins Carvalho, o “SOWAMO – Semear água na serra de Monchique” vai ser implementado até abril de 2016, e está orçado em cerca de 200 mil euros, verba que será financiada por fundos provenientes da Noruega, Islândia e Liechtenstein.
“Os estudos vão começar em breve, mas ainda não temos data definida para o início da construção das estruturas”, concluiu.
Por seu turno, o presidente da Câmara de Monchique, Rui André, considerou que o projeto, “se apresenta como uma mais-valia para garantir um abastecimento público regular e de qualidade que permite manter um custo baixo para os consumidores”.