O "Polis Litoral Ria Formosa" é um plano de requalificação da Ria Formosa, o mais importante património natural do Sul do país, cujo investimento total ascende a 87 milhões de euros e cujas obras se vão prolongar até 2012.

Cerca de 300 pescadores, viveiristas e habitantes das ilhas-barreira da Ria Formosa deslocaram-se hoje à Quinta do Marim, em Olhão para participarem na sessão de esclarecimento sobre o Plano Estratégico da Intervenção de Requalificação e Valorização da Ria Formosa.

"As pessoas estão à espera que a Sociedade Polis explique que casas vão abaixo na Ria Formosa", pediu um morador de uma das ilhas da Ria Formosa que se auto-intitulou "profissional da Ria".

A responsável pela execução do programa, Valentina Calixto, esclareceu que as demolições "são uma das acções que estão previstas" no Polis, mas que hoje não era o dia indicado para falar de "casos pontuais", mas sim de "fazer sugestões ao nível geral".

O mesmo morador questionou a Sociedade Polis sobre o que vai fazer em relação às dragagens na ria.

Mais uma vez a Sociedade Polis, pela voz de Valentina Calixto, explicou que não era o momento para falar sobre que canais iam ser dragados, acrescentando que actualmente o Polis está na fase da avaliação dos resultados dos inquéritos.
A plateia insistiu, contudo, ao longo de cerca de duas horas sobre quais as casas que serão demolidas.

"É um relatório técnico e rebuscado", criticou Maurício Simão, outro morador das ilhas-barreira que questionou Valentina Calixto sobre se a "renaturalização" era sinónimo de "destruição".

Maurício Simão defendeu, no entanto, intervenções pontuais", nomeadamente para prevenir "galgamentos oceânicos".
Em declarações à Lusa, a presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra, Sílvia Padinha, lamentou que as medidas previstas para apoiar as actividades ligadas às actividades piscatórias totalizem apenas 250 mil euros.

"É um valor irrisório para as necessidades que existem", criticou Sílvia Padinha.

Pedro Bettencourt da Nemus, empresa responsável pela realização do plano de reabilitação ambiental para a Ria alertou, no entanto, que se não forem executadas as medidas previstas, haverá "seguramente um agravamento das situações de risco costeiro e ambiental e de utilização não sustentável dos recursos da Ria Formosa".

Segundo o especialista, num hipotético "cenário zero" (não acção) os problemas de conservação de natureza vão ter uma evolução negativa" onde se prevêem "sete riscos de dinâmica costeira e riscos ambientais". Num "cenário proactivo" passa de sete para apenas dois riscos.

O relatório ambiental preliminar do programa "Polis Litoral Ria Formosa" está em consulta pública até dia 27 deste mês para recolher sugestões e comentários de entidades e cidadãos que queiram participar.