Foto © Luís Forra/Lusa
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Moradores e comerciantes da zona da Rotunda do Hospital, em Faro, exigiram ontem às autoridades que promovam a reconversão daquela área e pediram soluções para evitar que os sem-abrigo se instalem debaixo dos prédios.

Na semana passada, as autoridades retiraram daquela zona um sem-abrigo que, segundo disseram moradores à Lusa, se instalou, há pelo menos quatro anos, num pátio que dá acesso a dois edifícios e que serve como passagem para peões, entre a Avenida Júlio Almeida Carrapato e a Avenida Cidade de Hayward.

Vários moradores e comerciantes, que pediram anonimato, disseram à Lusa temer que o sem-abrigo regresse, o que já aconteceu noutras ocasiões em que foi retirado, uma vez que se trata de um homem violento, tendo já agredido uma moradora e partido vidros de janelas, além de utilizar o local como casa de banho pública, o que provoca insalubridade e mau cheiro.

Segundo um dos moradores, estão referenciados naquela zona pelo menos quatro sem-abrigo, contudo, o que foi retirado na última semana, é o que “dá mais problemas”, havendo mesmo queixas na polícia e em tribunal por agressão, uma situação que não tem merecido “a devida atenção das autoridades”.

Outro morador aponta como solução vedar o átrio existente debaixo dos prédios, mas lamenta que, apesar de aquela superfície pertencer aos prédios, o acesso não possa ser interditado, situação que “se fosse noutro país, já estaria resolvida”, pois trata-se de uma questão de saúde pública.

“A câmara devia chamar os condóminos dos dois prédios e arranjar uma solução, ainda mais porque estamos a falar de uma zona nobre da cidade, que é a principal entrada e saída de Faro, e uma situação destas é um péssimo cartão-de-visita”, sugeriu.

Foto © Luís Forra/Lusa
Foto © Luís Forra/Lusacrise

Além dos problemas de insalubridade, os moradores queixam-se do facto de aquele pátio ser usado como ponto de tráfico de droga, o que acontece em plena luz do dia, problema que consideram ainda mais grave pelo facto de haver uma escola básica nas imediações.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara, Rogério Bacalhau, disse compreender as queixas dos moradores e comerciantes, mas sublinhou que se trata de um problema muito difícil de resolver, uma vez que o sem-abrigo em questão recusa o apoio das autoridades.

“Nós temos uma residência temporária onde as pessoas podem ficar e fazer a sua higiene, já o tentámos levar para lá, mas ele recusou sempre”, afirmou, acrescentando que aquele sem-abrigo está referenciado pelos serviços de Ação Social da autarquia e que é o “único que dá problemas”.

Segundo o autarca, a situação “tem vindo a ser acompanhada há muito tempo”, mas mesmo que a polícia o leve, como fez, “não o pode prender” e, tal como já aconteceu noutras vezes, o homem acaba por se reinstalar no mesmo local.

“Há muito pouco a fazer, a não ser o acompanhamento da situação e tentar ter aquele local o mais limpo possível”, frisou, observando que o espaço não pode ser vedado por estar classificado como um espaço público.

Segundo Rogério Bacalhau, existem 30 a 40 sem abrigo referenciados no concelho de Faro, todos acompanhados pelo núcleo de apoio aos sem-abrigo dos serviços de Ação Social da autarquia.

Na mesma zona, mas na área oposta da rotunda do hospital, existe outro sem abrigo que utiliza a via pública como arrecadação para os seus pertences e que também, por vezes, pernoita no local.