Uma multidão, sobretudo de Loulé e Marmelete, despediu-se ontem à tarde, em Loulé, do padre José Nobre Duarte, de 90 anos, que durante 39 anos foi pároco das paróquias daquela cidade e que faleceu na última terça-feira.
Na celebração exequial do funeral do sacerdote, presidida pelo bispo do Algarve e concelebrada por várias dezenas de sacerdotes (incluindo de fora da diocese algarvia) na igreja de São Francisco que foi pequena para acolher a todos. D. Manuel Quintas destacou e agradeceu a Deus pelo “dom do seu testemunho de homem e de sacerdote, pelo dom da sua serenidade, do seu silêncio”. “Um silêncio que nos fazia bem. Não era um silêncio que intimidava”, testemunhou na celebração que teve início com a oração do salmo da Hora Intermédia e prosseguiu com a eucaristia.
“Deus, no seu eterno desígnio de Pai bondoso, chamou à sua presença o nosso querido padre Nobre, desígnio por ele anunciado através da doença e consequente fragilidade da saúde nestes últimos meses de vida; desígnio por nós acolhido na fé e esperança, caraterística deste tempo pós-natalício”, referiu o prelado, prosseguindo: “Fé e esperança iluminadas e fortalecidas igualmente pela Páscoa de Cristo, distintivo permanente da nossa condição pascal como Igreja peregrina no caminho que nos conduz ao encontro definitivo com Cristo ressuscitado”.
“Rezamos pelo eterno descanso do padre Nobre, damos graças a Deus pelo dom da sua vida e também pelo dom do seu ministério sacerdotal. Completaria 65 anos de sacerdócio em julho próximo, ministério integralmente exercido ao serviço da nossa Igreja diocesana”, acrescentou D. Manuel Quintas.
O bispo do Algarve recordou então a aposentação do sacerdote falecido. “Em 2006, já com 82 anos e alguns problemas de saúde, levaram a pedir-me com insistência a sua aposentação que, sendo-lhe concedida, não o impediu de continuar a colaborar de modo fiel, dedicado e generoso com os párocos de Loulé naquilo que a sua saúde lhe permitia”, contou.
D. Manuel Quintas salientou então os 47 anos da vida do padre Nobre Duarte vividos na cidade de Loulé. “Sentia-se plenamente identificado com a cidade e com o povo de Loulé, manifestando uma devoção particular à Mãe Soberana, cujo culto promoveu com fidelidade e zelo pastoral até que as suas forças lhe permitiram”, afirmou.
O bispo do Algarve frisou ainda que “celebrar as exéquias é fazer memória da Páscoa de Cristo”. “É unir o mistério da encarnação ao mistério da redenção. A fé na ressurreição é para nós garantia de que, tal como Jesus ressuscitou, também nós havemos de ressuscitar”, sustentou, manifestando, a terminar, o seu “reconhecimento a quantos, nestes últimos meses de vida do senhor padre Nobre, o assistiram”.
“Encomendemos, com filial confiança, este nosso irmão sacerdote à misericórdia divina, invoquemos para ele a intercessão materna de Maria, a Senhora da Piedade, a fim de que participe no banquete eterno, aquele mesmo banquete do qual ele se alimentou com fé e amor e distribuiu durante a sua peregrinação na terra”, concluiu.
O padre António de Freitas, um dos dois párocos das paróquias de Loulé, para além do agradecimento aos sacerdotes, às autoridades civis e militares, locais e regionais, presentes, agradeceu à família e a quem tratou o sacerdote falecido. De modo particular, agradeceu à Santa Casa da Misericórdia de Loulé pela “ajuda preciosa” nos últimos tempos, por ter assistido o sacerdote “no seu sofrimento a viver com alguma qualidade de vida e sempre acompanhado”.
Após a eucaristia, o cortejo fúnebre seguiu até ao cemitério de Loulé, onde foi sepultado o corpo do sacerdote que tinha sido vítima de um enfarte do miocárdio em 2014, tendo vindo a debilitar-se sua saúde desde então.