O coordenador do núcleo do Algarve da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores resumiu assim o que é “Ser Cristão no Mundo Empresarial”, tema da última edição da iniciativa ‘Quartas com Cristo’, promovida pela Capelania da Universidade do Algarve (UAlg).

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No encontro, transmitido em direto na página de Facebook daquele organismo, em que esteve à conversa com Rodrigo Soares, aluno da UAlg, Paulo Lopes garantiu estar como “aprendiz-discípulo” “nesse caminho de aprender o que é que é «ser» Cristo na empresa”. “O mérito de procurarmos seguir Jesus como nosso modelo é sabermos que não estamos sozinhos”, referiu.

No entanto, aquele responsável realça que a missão de um empresário é a mesma de qualquer cristão. “O ser cristão é um chamamento que nós temos, independentemente de sermos empresários ou termos outra função”, destacou, constatando que no princípio estão os primeiros mandamentos: “Escuta, Israel: O Senhor é o teu único Deus” e “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

“Se queremos mudar as organizações, a primeira coisa que temos de fazer é mudar o coração de quem as lidera”, advertiu, garantindo que “inspirar à mudança da forma como se vê a vida é fundamental para a mudança daquilo que é o tecido empresarial” rumo ao “novo paradigma da economia”, pelo qual “o Papa Francisco tem lutado muito”.

Paulo Lopes destacou assim a “visão muito clara e inspiradora” da organização que representa. “A ACEGE tem esta missão que é inspirar cada um de nós, que estamos ligados ao mundo empresarial e do trabalho, a viver o evangelho no seu dia a dia, a viver o amor e a verdade no seu dia-a-dia e com isso transformar a sociedade”, explicou, acrescentando tratar-se de “uma comunidade de pessoas”, cuja história remota à década de 1950 e, atualmente, com uma presença nacional de 14 núcleos com mais de 1100 associados.

Aquele responsável acrescentou ainda que “ser cristão, em primeiro lugar tem de ser prático” e “um exercício diário”. “Não podemos ficar apenas na oração ou na eucaristia. Temos de passar por lá diariamente e temos de sair para o mundo”, sustentou, reconhecendo que “o contexto empresarial é marcado pela competição, pela instabilidade das regras do jogo, pela incerteza, pela frieza dos números que suportam tantas decisões, pelas relações humanas muitas vezes carregadas de muitas emoções”.

O coordenador do núcleo do Algarve da ACEGE realçou assim que “os critérios de decisão para um empresário cristão não podem ser os mesmos” de outro que não o seja e defende, por isso, que “o sucesso e o dinheiro não são metas, nem são coisas mais importantes do que a vida”.

Paulo Lopes desafiou a “descobrir a felicidade daquilo que é ajudar os outros” e destacou a importância dos grupos ‘Cristo na Empresa’, “grupos pequenos de pessoas que têm o mesmo propósito: aprofundar aquilo que é a descoberta de «ser» Cristo na sua realidade empresarial”. O responsável da ACEGE no Algarve, onde já existem quatro destes grupos, aludiu ao “papel de reflexão e de partilha sobre a vivência do trabalho” daquele “espaço de partilha”.

Paulo Lopes lembrou ainda que, na ACEGE, “os jovens fazem muito parte deste processo de transformação”. “A ACEGE Next foi pensada como um espaço para encontro e de reflexão desta nova geração em torno das suas questões específicas como a conciliação entre a família e o trabalho ou como procurar uma economia mais humana”, referiu, desafiando os estudantes da UAlg, particularmente os finalistas, abraçarem aquele projeto.

Relativamente à crise económica provocada pela presente pandemia de Covid-19, o orador disse que a mesma “está a tocar de forma diferente setores diferentes” e alertou para o “desafio da sobrevivência” como “um desafio muito real que se coloca de forma concreta nos próximos meses”. “O esforço que temos pela frente não se compadece apenas com objetivos financeiros”, alertou, apelando à “partilha”, “financeira, mas não só”, daqueles “a quem a crise não afeta de uma forma tão séria”.

“Não estamos sozinhos e apenas juntos podemos encontrar as soluções para percorrer este caminho. Esta crise não vai durar para sempre. Vai ser difícil, mas nós vamos passá-la. Não sabemos bem que pessoas é que vamos ser e que empresas é que vamos ser quando isto passar, mas vamos passar por ela”, concluiu.