Em declarações à agência Lusa, o director geral do Cluster do Mobiliário de Portugal afirmou que “o surgimento de mais um concorrente deve ser visto com preocupação, mas, ao mesmo tempo, com esperança e com a noção de que as empresas têm que se adaptar a esta nova concorrência, tornando-se mais eficientes e concorrenciais” no mercado em que operam.

Folha do Domingo/Lusa


“Acima de tudo – salientou Joaquim Pinto – deve ser um factor de motivação para que as nossas empresas se tornem mais eficientes e vão ao encontro do seu mercado alvo e, com isso, consigam combater mais um espaço comercial que abre, ainda por cima com muita dimensão. Ficarem desde já derrotadas é que não me parece ser o caminho”.

O investimento previsto pelo grupo sueco em Loulé engloba uma loja Ikea, um centro comercial e um ‘retail park’, estando agendada para quinta feira a assinatura do contrato de cooperação com a autarquia local com vista à concretização do projecto.

Orçado em mais de 200 milhões de euros, o investimento prevê a criação de mais de 3.000 postos de trabalho directos e indirectos.

Segundo salientou Joaquim Pinto, há vários anos que a estagnação do mercado interno levou os fabricantes portugueses de mobiliário a apostarem no mercado externo, tendo o sector actualmente um saldo comercial positivo.

Neste sentido, o director geral do Cluster do Mobiliário acredita que “serão os comerciantes quem vai sentir um pouco mais o impacto deste espaço comercial de grandes dimensões”.

Ainda assim, o responsável destaca que as empresas portuguesas “estão preparadas para atacar outro tipo de mercado que não o do Ikea, porque a qualidade e o tipo de mobiliário que produzem e comercializam em Portugal é direccionado essencialmente para o segmento médio, médio/alto, um pouco acima do que normalmente é atacado” pelo grupo sueco.

“Pelo tipo de empresas e produtos que temos em Portugal, concorrer pelo preço nunca será a solução”, sustentou, embora admitindo que o Ikea, “sendo concorrência indirecta, é sempre concorrência”.

Na opinião do director do Cluster do Mobiliário, “as coisas só ficam um pouco mais nebulosas se, de alguma forma, a vinda desta infraestrutura comercial for apoiada por fundos públicos e isso resultar em despedimentos” de trabalhadores portugueses.

“Aí temos que ver a questão de outra forma. Mas, não havendo, é o surgimento de mais um concorrente que deve ser visto com preocupação, mas ao mesmo tempo com esperança e com a noção de que as empresas têm que se adaptar a esta nova concorrência”, concluiu.