Decorreu na passada sexta-feira, 02 de fevereiro, em São Brás de Alportel a apresentação do livro que conta a história da sua elevação a vila, da autoria do padre Afonso da Cunha Duarte.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A sessão de apresentação da publicação, intitulada “São Brás de Alportel, Memórias, Volume III”, teve lugar na Galeria Velha do Museu do Traje e contou com presença do historiador e antigo vigário cooperador das paróquias de São Brás de Alportel e de Santa Catarina da Fonte do Bispo que em 2017 deixou a diocese algarvia para rumar a Penafiel.

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Renato Proença dos Santos, a quem coube a apresentação da obra de 278 páginas, destacou que ela apresenta “quase 500 anos” de história com “dezenas e dezenas de efemérides”. “São memórias do nosso povo com as suas contradições, as suas diferenças, as suas opções múltiplas”, destacou, acrescentando que “o padre Afonso consegue enquadrar toda esta história, todo o ambiente, todos os acontecimentos que sucederam em São Brás de Alportel, articulando com o que se passou no Algarve, e, ao mesmo tempo, articulado com o que se passava em Lisboa”. “Temos não apenas e exclusivamente história de São Brás de Alportel. Temos história do Algarve e história de Portugal nos tempos conturbados da [Primeira] República”, contextualizou.

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O apresentador realçou que a publicação, constituída por seis capítulos, um apêndice com mais de 115 páginas e um conjunto de efemérides com 118 páginas, recolhe um acervo desde “recortes, notícias, documentos oficiais das mais variadas fontes, colheitas de assinaturas, fotografias de pessoas, de monumentos” e “até anúncios de medicamentos”. “É, portanto, um livro impressionante quanto à qualidade e quantidade das suas fontes”, considerou, acrescentando ser “um livro que se escreve, obrigatoriamente, em muitos anos”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Mas Renato Proença dos Santos advertiu que, não obstante parecer um livro de história, “é um romance também”. “Faz uma coisa que é rara que qualquer escritor de romance adoraria fazer que é trazer para dentro da história o leitor”, frisou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A obra tece-se em torno do dia 1 de junho de 1914, data da aprovação do projeto de lei publicado em Diário do Governo, que elevou a concelho a freguesia de São Brás, com a denominação de Alportel e com sede na aldeia de São Brás. E, como destacou Renato Proença dos Santos, conta como “Machado Santos não se esqueceu de João Rosa Beatriz e, quando este lhe pediu que apresentasse o projeto de elevação a vila da aldeia são-brasense, apoiou a iniciativa”.

“Este é um livro em que nós, leitores, oscilamos entre episódios muito engraçados – há diversas páginas deste livro que nos fazem rir a bom rir – mas também viajamos por áreas do pensamento humano”, acrescentou, explicando que o autor não influencia ilações porque “dá ao leitor, com enorme honestidade inteletual, os instrumentos para poder tirar as suas próprias conclusões”, para julgar com a sua própria consciência. “O leitor desta obra – sobretudo se a aproveitar em toda a sua essência – não é o mesmo nem de perto nem de longe. Está incomparavelmente mais rico e não apenas na história de São Brás, do Algarve ou mesmo da história de Portugal. Está muito mais preparado de intelecto e de comparação de ideias”, considerou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O autor disse que a obra, que faz parte da coleção memórias de São Brás de Alportel que depois de concluída contará com cinco volumes, “custou milhares de euros”. “Tive de ter licença da Assembleia da República”, acrescentou o sacerdote da Congregação do Espírito Santo (espiritano), considerando que a partir de agora “ninguém pode fazer a história de São Brás sem ler este livro”.

A sessão, para além do autor e do apresentador, contou com a presença do fundador do Museu do Traje de São Brás de Alportel, entidade que editou a obra, o padre José da Cunha Duarte, irmão do autor; do diretor do museu, Emanuel Sancho; e da vice-presidente da Câmara Municipal, Marlene Guerreiro. O presidente da autarquia, Vitor Guerreiro, chegou no final, a tempo de cumprimentar o autor pela obra.

O padre Afonso da Cunha Duarte, que na Diocese do Algarve foi ainda responsável pelo arquivo histórico, é também autor de obras como “Páscoa no Algarve – Procissão das Tochas Floridas” (2010), “A República e a Igreja no Algarve” (2010), “Aspetos da luta política e do republicanismo no contexto da Diocese do Algarve” (2011), “João de Deus, Clérigo Minorista da Diocese do Algarve” (2012) e “São Brás de Alportel – Memórias, Volume V, Monumenta Blasiana” (2015).