
O novo reitor da Universidade do Algarve (UAlg), António Branco, disse hoje à Lusa estar solidário com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que há uma semana anunciou o corte de relações com o Governo.
Natural de Angola e doutorado em Literatura Portuguesa Medieval pela UAlg em 1999, o novo reitor foi hoje eleito com “maioria absoluta”, arrecadando 18 votos dos membros do conselho geral e, em declarações à Lusa, adiantou que a situação financeira das universidades é “insuportável” e que a solução tem de ser “resolvida politicamente”.
“Estou convencido de que a situação financeira mais premente é um problema político. A solução tem de ser resolvida politicamente e quero colaborar. A Universidade do Algarve será solidária com o CRUP”, declarou António Branco.
Há uma semana, em Braga, o CRUP anunciou o corte de relações com o Governo, na sequência das negociações sobre as dotações do Orçamento do Estado para 2014 e sobre a reestruturação da rede do ensino superior, e, no mesmo dia, o presidente do CRUP, António Rendas, anunciou a demissão do cargo.
O novo reitor acrescentou que pretende contribuir para que “esta profunda crise não atinja de modo irreversível a Universidade do Algarve” e para isso vai também fazer uma “reforma de ofertas formativa” na academia, através, por exemplo, da redução do número de vagas nos cursos menos concorridos.
“Ao mesmo tempo que no plano externo temos de ser determinados e criativos na negociação […], no plano interno temos de encontrar respostas para os problemas mais evidentes que nos estão a atingir”, disse, referindo que quer inverter a perda de alunos e recrutar mais estudantes, tanto nacionais como estrangeiros.
O novo reitor defendeu, por isso, a disponibilização de “cursos mais atraentes” e que “respondam a necessidades sociais”, apostando-se também em mais formação avançada: pós-graduações, mestrados e doutoramentos.
António Branco disse que foi com “uma grande responsabilidade” que decidiu candidatar-se, devido à situação difícil que se vive no país e também na UALg, e referiu acreditar que vai ser capaz de fazer da academia uma “universidade mais moderna”.
“Não vamos ficar parados à espera que os problemas sejam resolvidos”, asseverou, reiterando que é preciso repensar a instituição.
António Branco saiu de Angola aos nove anos e foi viver com os pais para Paris (França) até 1974, ano em que regressou para Lisboa, cidade estudou. Hoje diz sentir-se “um algarvio adotivo”.