“Nunca devereis pensar que sois filhos de um Pai ausente, distante, de um Pai que vos deixou órfãos. Nem somos filhos únicos, porque além de um Pai comum deixou-nos também uma multidão de irmãos”. As palavras são do bispo do Algarve na Eucaristia de hoje a que presidiu, uma vez mais, no oratório do Paço Episcopal de Faro com transmissão em direto na internet.
D. Manuel Quintas destacou ainda que “Jesus não se preocupou em deixar aos seus discípulos uma constituição fechada, devidamente redigida, com normas inspiradoras da comunidade que os discípulos passariam a constituir”. “Preocupou-se, sim, em deixar um estilo de vida que devia ser assumido por todos e também o Espírito Santo como garantia de fidelidade e fecundidade do anúncio do evangelho”, clarificou, explicando ser essa “presença do Espírito na Igreja” e em cada cristão que “leva a viver em fidelidade a este estilo de vida” que Jesus “deixou como seu testamento”.
O bispo diocesano destacou assim que “a ação missionária exige sempre desinstalação e desprendimento, condições para acolher o Espírito e se deixar impelir por ele”. “Ser cristão é ser missionário, é estar permanentemente em missão”, reforçou.
D. Manuel Quintas realçou igualmente que os cristãos são “templo onde Deus habita”. “Quem nos encontra, devia encontrar-se em nós com o próprio Deus, com a pessoa de Cristo”, completou.
O bispo do Algarve referiu-se ainda à Semana de Vida, que a Igreja Católica em Portugal celebrou desde domingo passado até hoje, sob o tema “A fragilidade humanizar a vida”. “A fragilidade, à qual estamos sujeitos, torna-nos mais humanos, mais próximos uns dos outros e, certamente, foi isso que experimentámos ao longo de todo este tempo”, afirmou, lembrando todos aqueles que por quem se tem rezado nas eucaristias das últimas semanas. “Sentimo-nos próximos diante da fragilidade humana, mais humanos. E, por isso, nesta Eucaristia queremos continuar a ter presente todos os que estão fragilizados, sobretudo aqueles que sofrem as consequências desta pandemia”, disse.

D. Manuel Quintas lembrou ainda a Semana ‘Laudato Si’, a decorrer até 24 de maio, convocada pelo Papa na passagem do quinto aniversário desta encíclica ecológica e social. “É uma encíclica que permanecerá durante muito tempo como referência, não apenas pelo tema da ecologia, mas por todos os outros temas que estão ligados à ecologia humana, nomeadamente o tema da economia que agora atrai tanto as nossas atenções”, afirmou.
Por fim, o bispo diocesano referiu-se à reabertura das igrejas ao culto público. “Vamos entrar nas duas semanas que nos conduzem ao Pentecostes, ao último fim de semana deste mês onde, então sim, poderemos encontrar-nos, não através do Facebook ou do YouTube, mas face a face. Poderemos ver-nos e celebrar juntos a Eucaristia, eu na nossa catedral e vós nas vossas paróquias em todo o país”, afirmou.
“Gostaria de vos exortar a escutardes aquilo que os vossos párocos estão a organizar para vos acolher na primeira Eucaristia, no primeiro fim de semana em que pudermos celebrar finalmente a Eucaristia nas nossas igrejas paroquiais”, prosseguiu, destacando as “equipas de acolhimento que terão uma função muito importante na coordenação da celebração das Eucaristias”.
Sobretudo queria exortar a não termos medo, nem ficarmos receosos de participar na eucaristia, desde que observemos – como para tantas outras coisas da nossa vida que felizmente vamos retomando –, aquilo que nos é pedido e exigido porque não podemos condescender, não facilitar, nem em relação a nós nem em relação aos outros”, concluiu.