Em declarações aos jornalistas, Ana Jorge disse que, de acordo com o relatório da Inspecção Geral de Atividades em Saúde, “há motivos para que haja atitude preventiva por parte da Ordem”.

O médico em causa é o proprietário de uma clínica na cidade algarvia onde três pacientes ficaram cegos depois de submetidos a operações à vista, situação que levou á abertura de uma investigação.

“Talvez a situação não esteja ainda muito clarificada em termos legais, pelo que será necessário olharmos para a legislação em vigor em conjunto com a Ordem, para podermos ultrapassar algumas dificuldades de interpretação”, referiu.

Ana Jorge falava no final da inauguração da nova Unidade de Cuidados Continuados da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, ato a que presidiu e em que participaram o provedor Humberto Carneiro, o presidente da Câmara local, Manuel Baptista, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, e o presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos.

A ministra manifestou-se disponível para o diálogo com a Ordem sobre o tema, mas insistiu que a leitura feita pela Inspeção Geral é a de que “a Ordem pode intervir preventivamente e depois ir atuando à medida que o processo for avançando”.

“Sou médica, não sou jurista, mas sinto que esta situação é muito preocupante”, frisou, dizendo ser preciso atuar.

Uma outra fonte do setor disse à Lusa que a Inspeção enviou à Ordem o processo referente ao médico onde constam alegadas violações das regras da profissão que justificam a sua suspensão preventiva.

A mesma fonte precisou que, para além do processo de 2010, a Ordem tem em seu poder dois processos contra o mesmo clínico terminados pela Inspecção de Saúde em 2004 e 2007.

Questionada sobre a investigação que a PJ de Braga está a fazer à anterior administração pública do Hospital de São Marcos, em Braga, Ana Jorge escusou-se a comentar o tema, dizendo que haverá que aguardar pelo evoluir da investigação policial.

Sobre o facto de a unidade de saúde bracarense– na gestão anterior à atual do grupo Mello Saúde – ter terminado com um dos maiores défices de todos os hospitais portugueses, Ana Jorge disse que “os hospitais são organizações muito complexas da prestação de cuidados de saúde”.

“Temos vindo a aumentar o acompanhamento da gestão dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, quer públicos quer de gestão privada, neste caso como sucede com o hospital de Braga”, afirmou, sublinhando que uma parceria público privada aumenta a responsabilidade no acompanhamento porque se trata de dinheiros públicos”.

Acerca do facto de um dos seis arguidos do chamado caso Casa Pia ser médico, a governante não se quis pronunciar argumentando que o caso está entre aos tribunais e à Ordem dos Médicos, “a quem compete atuar”.

Lusa