
“A Igreja na Sociedade em Rede – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells” foi a dissertação defendida no passado dia 17 de dezembro pelo padre Miguel Neto, como trabalho final para a obtenção do 2.º grau canónico do Curso de Doutoramento em Teologia, com especialidade em Teologia Prática e que mereceu a classificação de 17 valores.
A tese, apresentada em Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa, mereceu elogios do júri, presidido pelo professor doutor João Duque e composto pelos professores catedráticos José Nunes e Alfredo Teixeira (que também orientou o trabalho do padre Miguel Neto), tendo sido destacada a qualidade da organização do trabalho e do texto, que o júri considerou estar «muito bem escrito». Os docentes evidenciaram, ainda, a actualidade e pertinência do tema, já que ele poderá ter um alcance significativo para aquilo que é o trabalho da Igreja e a sua relação com o mundo moderno.
Na apresentação, para além de explicitar detalhadamente os conceitos fundamentais desenvolvidos por Manuel Castells (investigador catalão, que dedica grande parte da sua análise às questões sociológicas associadas ao uso das novas tecnologias e ao surgimento da sociedade em rede), Miguel Neto salientou que «a Igreja, através do seu magistério, procurou e continua a procurar marcar presença junto dos Homens, entendendo que a rede é, também, um espaço de vida, que completa outros, igualmente indispensável para que se cumpra, em plenitude, a nossa humanidade». O sacerdote considerou que «a Igreja tem como preocupação central, mais ainda do que compreender as razões e os contextos das metamorfoses, buscar o lugar do Homem no mundo e ajudá-lo a manter um relacionamento com Deus e com os outros, ou seja, encontrar-se e viver em todos os ambientes» e destacou a necessidade de formação para todos os crentes – leigos e consagrados -, como forma de diminuir a infoexclusão. Já depois da apresentação do seu trabalho e em conversa com a Folha do Domingo, Miguel Neto comentava que essa «formação terá de permitir, mais do que o conhecimento e uso dos meios, a mudança de mentalidades e a compreensão do que é verdadeiramente a rede», para que «se estabeleça um verdadeiro sentido de comunidade e se possa dar a conhecer, mais ainda, se possa viver uma identidade forte como cristãos».
A Diocese do Algarve passa, agora, a dispor de mais um sacerdote com formação superior e com capacidade para leccionar Teologia em qualquer Universidade e com conhecimentos numa área de tão significativa relevância no mundo contemporâneo.
Recordamos que Miguel Neto é natural de Quelfes, Olhão, tendo-se licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, em 2006, com a tese «A Páscoa segundo Santo António». Ordenado em 2008, assumiu, desde logo, funções como director do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve (GIDAlg), cargo que mantém até ao presente. Ainda na área da comunicação social, foi assessor de D. Basilio de Nascimento, bispo da Diocese de Baucau, para os assuntos relacionados com a Imprensa e Comunicação Social (2006/2007) e administrador do projecto RIDISC – Rede Informática para as Dioceses e Instituições Socio Culturais (2008/2015), que criou e manteve uma plataforma informática própria de diversas dioceses do país, entre as quais a do Algarve. É o responsável desde 2011, pela Pastoral Diocesana do Turismo, sendo, ainda, membro da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT). Desde 2012 é pároco de Santa Bárbara de Nexe e Estoi.