O padre Nelson Rodrigues defendeu na Jornada de Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve, que se realizou no último sábado, a necessidade de uma “música querigmática” que convide os jovens “a escutar pela primeira vez o quão bom pode ser estar perto de Deus”.

Refletindo sobre o tema “A música e a evangelização dos Jovens”, o conferencista considerou que “cada estilo musical encontra o seu lugar em cada fase do processo de evangelização” que lembrou começar com o ‘querigma’ [transmissão dos conteúdos básicos da fé] feito fora da liturgia, normalmente em encontros juvenis.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No entanto, na ação de formação que teve lugar no Centro Pastoral de Pêra sobre o tema “Liturgia e Missão” com a participação de quase 140 pessoas de todo o Algarve, o sacerdote alertou que “a música é sempre um instrumento para se poder levar a cabo a empreitada da evangelização, um meio e nunca um fim”. “De nada adianta a música, se o conteúdo não estiver bem assimilado pela comunidade e pelos evangelizadores”, sustentou, advertindo que a música “deve ser valorizada e não absolutizada no que respeita à transmissão da fé aos jovens”.

O orador lembrou a propósito a exortação apostólica do papa Francisco, resultante da realização do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens e por eles participado. “O documento dá a entender que a música tem o seu lugar, mas não tem o destaque que às vezes lhe queremos dar”, afirmou, acrescentando que sem “uma verdadeira mudança de mentalidade” nas comunidades no que respeita aos jovens “não há música que salve o processo de evangelização”.

O sacerdote criticou a “arrogância intelectual que mata comunidades” daqueles que “vêm depois com os canudos todos e com objetivo de dar o seu contributo, mas só conseguem destruir”. “Precisamos de acalmar um bocadinho e cultivar, sobretudo, o conceito de família nas comunidades”, aconselhou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Relativamente aos cânticos a incluir nas celebrações, o padre Nelson Rodrigues lembrou que “a letra deve ter sido escrita para a liturgia” e a música “também para esse efeito”. “Está, por exemplo, proibida na missa qualquer tipo de música que seja uma apropriação de música comercial em que se colocou outra letra cristã por cima”, sustentou, considerando que a valorização da música irá “ajudar ainda mais” a “celebrar o mistério, a receber o anúncio, a aprofundar a verdade recebida”. “A música não é para nos entreter. Às vezes estamos tão entretidos que o respeito pelo sagrado já não existe”, alertou.