O padre Pedro Manuel deixou claro na sua intervenção na Jornada de Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve, promovida no último sábado, que “a celebração litúrgica é o ato privilegiado em que se transmite e se forma a fé dos fiéis”.
“Tem-se a ideia de que o lugar de formação da fé é a catequese ou o ensino da religião”, alertou o conferencista, que reconheceu ser “verdade que a catequese, o ensino da religião, desenvolvem e alimentam a fé”, mas clarificou que “a liturgia é por excelência o espaço e a fonte para a formação dos fiéis na oração”. “O espaço precioso de encontro e alimento e de pontapé de saída para fazermos com que a fé chegue a outros é naturalmente a celebração”, reforçou.
O sacerdote, que abordou o tema “A Liturgia e a transmissão da fé”, na ação de formação que teve lugar no Centro Pastoral de Pêra sobre o tema geral “Liturgia e Missão” com a participação de quase 140 pessoas de todo o Algarve, lembrou que “a catequese é um grande meio para conhecer e aprofundar os conteúdos ou mistérios da fé, com toda a garantia que lhe dá a tradição da Igreja”, mas “não é o único modo de formar e educar na fé”.
O padre Pedro Manuel justificou que “a liturgia ganha de longe a todas as outras formas de pregação e anúncio do evangelho porque ali quem faz é Jesus”. “Nas celebrações da Igreja quem opera é Cristo”, reforçou, lembrando, por exemplo, que “na celebração de um sacramento quem preside é Jesus”. “Isto faz cair logo do nosso coração qualquer ideia pessoal que tenhamos em relação a quem preside porque nem nós somos dignos para julgar quem preside, nem quem preside está ali com a missão de julgar quem consigo celebra”, sustentou.

Neste sentido, pediu “muita atenção ao endeusamento do instrumento de Deus”, o presidente da celebração. “Ele é instrumento, nada mais que isso. É Deus quem faz. Por isso, o caráter transmissor da fé da liturgia não depende de quem a preside aparentemente. Depende, sobretudo e especialmente, de quem a preside objetivamente e realmente que é o Senhor”, prosseguiu.
“Não celebramos a liturgia deste ou daquele padre, deste ou daquele bispo, deste ou daquele papa. Não celebramos o mistério deste ou daquele homem. Celebramos o mistério da liturgia que é atualização do mistério de Cristo”, complementou, lembrando haver “muitos dons de Deus que, justamente enquadrados e belamente inseridos, podem ajudar o crente, sem a invenção do extraordinário, a celebrar de forma ordinária aquilo que por razão da sua existência já é extraordinário, que é o mistério do encontro com o Senhor”.
A concluir, o formador realçou que “a fé está na base da liturgia e dela é a fonte e a liturgia alimenta a fé desde sempre, muitas vezes coadjuvada pela arte e sempre ajudada pela vida”.