Orador disse que o Sínodo sobre a sinodalidade é o fruto do Sínodo sobre os jovens
O padre Rossano Sala exortou o clero das dioceses do sul, perante os jovens e os “desafios” lhes colocam, a “desenvolver uma abordagem que requer atenção às mudanças que estão a ocorrer e uma conversão de coração”.
“É um dever eclesial tornar os jovens corresponsáveis pela missão, juntamente com todos nós”, afirmou aquele professor da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, que foi o secretário especial da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Aquele especialista em pastoral juvenil lembrou aos seminaristas das dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, que participam desde segunda-feira na atualização do clero que está a decorrer em Albufeira, que “os grandes santos que trabalhavam para os jovens, partiram tendo confiança neles: consideravam-nos companheiros de viagem, e não destinatários passivos para serem levados para algum lado”.
“Ensinaram os jovens a tornarem-se conscientes dos seus talentos a a arriscar com coragem a empenharem-se pelo bem dos outros. Convidaram-nos a tomar as rédeas da sua existência, a pensarem-se com liberdade e que devem decidir-se pelo bem e fazê-lo, custe o que custar. Ali foram tratados como verdadeiros sujeitos: amados de Deus e, como tal, chamados a entrar na aliança com Ele por um serviço e uma generosidade para com aqueles que receberam menos na vida”, prosseguiu na sua reflexão sobre a temática “Os Jovens e a Igreja. Que Igreja queremos/devemos ser?”.
“À pergunta «Que Igreja queremos e devemos ser?» o caminho sinodal feito com os jovens deu uma resposta forte e clara: uma Igreja sinodal”, realçou, garantindo ser “urgente uma atenção renovada aos jovens, a sua formação e acompanhamento, também na implementação das conclusões do anterior Sínodo sobre «Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional» (2018)”, desenvolveu, acrescentando que “os jovens pediram à Igreja para se tornar cada vez mais sinodal”.
Neste sentido, o orador disse ser “evidente que o Sínodo sobre a sinodalidade é o fruto maduro do Sínodo sobre os jovens”. “Este último foi verdadeiramente um acontecimento gerador, ou seja, desencadeou um autêntico movimento de reforma na Igreja”, considerou, reforçando que os jovens pediram “com grande força” uma “conversão fraternal e missionária, onde caminhar juntos já é um sinal da presença do Reino de Deus”.
O padre Rossano Sala explicou ainda que durante o caminho sinodal, juntamente com os jovens, houve “uma verdadeira conversão” sobre a questão para a qual deveria ser encontrada uma resposta. “Nas fases iniciais do caminho, todos tínhamos no coração mais ou menos esta perspetiva de pensamento e de ação, ligada ao que devemos fazer: a questão era «O que devemos fazer pelos jovens?». Lentamente, a procura mudou. Passo a passo, chegámos a esta outra pergunta: «Que somos chamados a ser com os jovens?»”, contou, realçando tratar-se de “uma passagem do fazer ao ser” e de uma “transição decisiva” de “para os jovens” para “com os jovens”. “Sem o seu envolvimento íntimo e a confiança necessária, não iremos muito longe”, advertiu.
O professor da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma enumerou “alguns desafios” que a Igreja é chamada a “enfrentar na escuta e no diálogo com eles”. “Gostaria de começar pela certeza de que Deus está presente e ativo na vida dos jovens. Gostaria de convidá-los a ir contra a maré, reconhecendo na vida de cada jovem a presença de Deus: Deus ama os jovens, Jesus não se distancia deles, o Espírito Santo trabalha nas suas vidas”, frisou, exortando à “capacidade de identificar caminhos onde outros vêem apenas paredes” e a “saber reconhecer possibilidades onde outros só vêem perigos”. “Os jovens precisam, em primeiro lugar, de pessoas que confiam neles, que sabem identificar os pontos acessíveis ao bom presente nas suas vidas, que procuram incessantemente espaços para ouvir e dialogar com eles. Em suma, as pessoas que tornaram próprio o olhar de Deus”, sustentou.
O padre Rossano Sala afirmou que “o Sínodo está ciente de que um número substancial de jovens, pelas mais variadas razões, não pedem nada à Igreja porque não o consideram significativo para a sua existência”. “Alguns, na verdade, pedem expressamente para serem deixados em paz, porque sentem a sua presença como irritante”, lamentou, pedindo que se possam “amadurecer algumas novas sensibilidades, baseadas no que os jovens, neste momento, estão a passar”. “Não se trata, em primeiro lugar, de julgar, mas de ouvir com empatia a sua condição existencial, que é diferente da nossa. E as suas exigências e também as suas críticas”, esclareceu.