O padre Vicente Hernandez sugeriu esta quarta-feira que as dioceses do sul do país “dediquem uma década a uma pastoral intensiva de todas as vocações”.
Na atualização do clero das dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal que está a decorrer em Albufeira com reflexão sobre o Sínodo sobre a sinodalidade, mas também sobre a Jornada Mundial da Juventude deste ano em Lisboa e sobre o tema das vocações, o diretor espiritual do Seminário Maior de Évora propôs que “deixem de parte outros projetos, se for necessário, porque isto é uma urgência”.
Aquele formador com quase 50 anos de trabalho na área das vocações, explicou que seria “um tempo intensivo, mas dedicado a todas as vocações e a todas as pessoas e não só aos jovens porque nestes tempos todos os cristãos estão muito necessitados de assumir e reassumir a própria vocação”.
“A necessidade de fazer pastoral vocacional de todas e para todas as vocações na Igreja é uma questão que já devia estar clara porque é uma obviedade, mas na prática apenas seguimos fazendo, ou tentando fazer, pastoral intensiva para o ministério presbiteral e vida consagrada”, acrescentou na sua reflexão intitulada “Sonhar a Pastoral das Vocações num clima Sinodal”.
O sacerdote considerou mesmo que aquele imperativo deve ser resposta há “grave crise vocacional” que disse existir na Igreja europeia em geral. “Essa crise deve-se, ao menos em parte, a uma perda da identidade cristã por causa das influências da cultura atual e à falta de formação vocacional”, considerou.
O padre Vicente Hernandez defendeu assim que na realidade atual é preciso “fomentar e formar vocações de leigos cristãos, de casais cristãos, de profissionais cristãos, de catequistas e outros ministérios, para além de padres, religiosos e religiosas”. “E fazê-lo de forma intensiva”, reforçou.
O formador detalhou que o decénio vocacional “havia de começar pelo batismo”, dedicando-lhe dois anos e “continuar cada ano com uma vocação”. “Vocação laical, matrimónio, família, trabalho como vocação, vida consagrada, sacerdócio ministerial e diaconado permanente e acabar, dedicando o último ano à Eucaristia enquanto fonte e cume de cada uma das vocações”, especificou.

O sacerdote acrescentou que os objetivos seriam “conseguir uma visão da realidade da Igreja como corpo ministerial”; “situar e valorizar a própria vocação no conjunto”; e tornar os diocesanos “membros ativos da comunidade segundo o próprio carisma”. “Se assim for, idealmente cada cristão seria gerador de outras vocações, um agente vocacional sempre em ação e como resultado final seria razoável pensar num crescimento da sinodalidade, isto é, num aumento da comunhão, participação e missão nas comunidades”, prosseguiu, advertindo: “se não avançarmos em formação, dificilmente avançaremos em sinodalidade”.
“Nesta altura em que vemos que a identidade cristã se vai diluindo num ambiente social adverso, temos de empreender algo de novo na nossa pastoral que leve a um ardor fresco do Evangelho, sair da rotina do que sempre se fez e tornarmo-nos inventores”, afirmou, acrescentando que “uma década dedicada à evangelização de todas as vocações podia abrir uma nova estrada na vida das dioceses”.
As dioceses que constituem a Província Eclesiástica de Évora, da qual fazem parte as dioceses de Algarve, Beja e Évora, está empenhada num triénio vocacional entre 2021 e 2024.