O sacerdote adianta ainda desconhecer se os apoios já anunciados pelo Governo poderão abranger os estragos causados naquela catedral, situação não totalmente clarificada pela publicação da resolução do Conselho de Ministros, publicada em Diário da República no passado dia 29 de novembro.
Embora o documento estipule a permissão de os municípios afetados ultrapassarem os “limites de endividamento líquido e de endividamento de médio e longo prazo, pelo valor estritamente necessário à contração de empréstimos para financiamento das intervenções necessárias à reposição das infraestruturas e equipamentos municipais atingidos”, a recuperação da catedral não deverá recair sob responsabilidade camarária, uma vez que o expoente máximo do gótico no Algarve é classificado como Monumento Nacional desde 1922.
O prior de Silves lembra ainda que “os cristãos são corresponsáveis na reconstrução daquela casa mas não é com facilidade que, às vezes, se associam e participam” nela. “Muitos sentem a Sé como um edifício da cidade mas não estão muito predispostos para ajudar. Isso notou-se nas últimas reparações feitas. Se não fosse a ajuda de várias instituições e da própria Direção Regional da Cultura não era com facilidade que arranjaríamos a casa que é nossa, dos cristãos que a habitamos”, lamenta.
O padre Carlos de Aquino reconhece haver uma “dificuldade económica que é verdadeira” mas, para além dessa dificuldade, “faz parte também do próprio estilo de vida das pessoas a fraca participação comum”. “Nota-se isso a vários níveis, não é só a nível da participação cristã”, acrescenta.
Relativamente às famílias, a resolução do Governo foi clara ao garantir que o apoio financeiro será atribuído consoante os prejuízos e a incapacidade de superarem a situação pelos seus próprios meios, “designadamente quando a proteção decorrente de contratos de seguro existentes seja insuficiente”.
Folha do Domingo tentou obter alguns esclarecimentos sobre este assunto junto da Direção Regional da Cultura do Algarve, embora sem sucesso até ao momento.