A Paróquia da Mexilhoeira Grande assinalou ontem, uma vez mais, o Dia Mundial dos Pobres.

Foto © Humberto Martins

Aquela comunidade paroquial garante “celebrar o Dia Mundial dos Pobres é comemorar a obra social da paróquia, que tem nos pobres o seu fundamento, pois são os mais pobres, os mais vulneráveis, os prioritários do Centro Paroquial.”

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“Acolhemos os filhos das famílias mais necessitadas do concelho de Portimão, assim como admitimos, primeiro, os idosos que vivem em maior vulnerabilidade da nossa freguesia. O Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande serve diariamente cerca de 150 crianças e suas famílias através das valências de creche, jardim de infância (pré-escolar) e ATL; e cerca de 150 idosos no Lar de Idosos da Mexilhoeira Grande, na Aldeia de São José de Alcalar e no Serviço de Apoio Domiciliário. E estes são os motivos pelos quais a paróquia se revê inteiramente nesta celebração”, explicou em nota de imprensa aquela paróquia que celebra a efeméride desde a sua primeira edição, em 2017.

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Este ano, uma vez mais o local escolhido para celebrar aquele dia foi a ‘Aldeia de São José de Alcalar’, onde teve lugar uma Missa campal junto do Centro Juvenil. Ali funciona, desde setembro de 2004 a Creche e a Pré-Primária do Centro Paroquial. A celebração foi participada por paroquianos e utentes da ‘Aldeia de São José’, seguindo-se o habitual almoço convívio com idosos e paroquianos.

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Na homilia, o pároco lamentou o número pobres em Portugal. “É uma vergonha vivermos num país em que cerca de 2,3 milhões dos seus habitantes vivem na pobreza. São 22,4% da população; e o mais impressionante é que 11% dos que estão em risco de pobreza, trabalham. É uma vergonha haver em Portugal 9.000 famílias sem casa, 4.000 portugueses a dormir na rua e cada vez mais gente a roubar nos hipermercados para comer… Ao ver o que se passa à nossa volta, como podemos ir para a cama em paz de consciência?”, disse o padre Domingos da Costa, criticando que se deite fora em Portugal “um milhão de toneladas de comida, por ano, que dariam para dar de comer a 50.000 pessoas, por dia”.

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O sacerdote, que é também o diretor do Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande, questionou: “Que seria e onde estariam os idosos do Centro Paroquial, se não fosse a Paróquia? Julgais que a Câmara ou a Junta de Freguesia teria feito o que foi feito pela Igreja? E se o tivesse feito, pensais que os habitantes do Centro Paroquial seriam os pobres?…”, interpelou, criticando os “milhares de lares ilegais”. “Há lares que podiam receber mais pessoas do que as que têm, como o Lar da Mexilhoeira, se o número de habitantes por quarto não estivesse limitado, por lei, a duas pessoas. Para quem nos governa, as leis são, infelizmente, mais importantes do que as pessoas”, disse.

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A propósito dos pobres, o padre Domingos da Costa considerou que “foram e continuam a ser os ricos quem mais os multiplica, pelas injustiças que praticam” contra eles. “Onde Jesus está presente, pela prática do amor, não há pobres”, acrescentou, considerando que “o melhor modo de acabar com a pobreza é o trabalho”. “O pior é que em Portugal há muita gente que não quer trabalhar e muitos dos que passam fome, até trabalham, mas têm salários de fome. Na nossa paróquia, até nisto somos exemplo, pois sempre demos trabalho aos desempregados, a começar pelos que residem na freguesia”, prosseguiu.

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O Dia Mundial dos Pobres, criado pelo Papa em 2017, celebra-se anualmente no penúltimo domingo do ano litúrgico, tendo em 2022 o tema ‘Jesus Cristo fez-Se pobre por vós’ (cf. 2 Cor 8, 9).