E foi precisamente ao antigo e primeiro pároco daquela comunidade que o prelado se referiu no início da celebração. “Tenho a certeza que o senhor padre Arsénio, do céu, também está em comunhão connosco neste dia e nesta hora, acompanha esta nossa celebração e intercede por nós junto de Deus para que a «semente» que ele aqui «semeou» – que foi a sua própria vida – possa continuar a crescer, a desenvolver-se e a frutificar”, afirmou D. Manuel Quintas.

O bispo do Algarve clarificou ainda o sentido daquele ato. “Quando um pároco toma posse de uma paróquia não quer dizer que ele passa a ser o dono dela. A expressão quer dizer início do serviço, do ministério ordenado”, justificou, agradecendo a disponibilidade do padre Mário de Sousa para a aceitar a proposta de presidir ao trabalho pastoral daquela comunidade. “A missão fundamental do padre é orientar para Deus e ser sinal da presença do Cristo no meio da comunidade e, convosco, no meio do mundo”, acrescentou.

D. Manuel Quintas referiu-se à importância da promoção de uma “pastoral urbana de conjunto” que a partir de agora, na cidade de Portimão, também se pretenderá implementar.

A Eucaristia, na qual se rezou pelos trabalhadores do Retail Park incendiado ontem, prosseguiu com a leitura da provisão da nomeação do novo pároco, a sua profissão de fé e juramento de fidelidade a Cristo e à Igreja, a entrega simbólica das chaves da igreja, a leitura do auto da tomada de posse e a assinatura do mesmo.

Depois da homilia, realizou-se o renovamento das promessas sacerdotais do novo prior e a parte mais simbólica da Eucaristia de tomada de posse com a visita aos lugares mais significativos da igreja para o exercício do ministério do novo pároco: o sacrário, o confessionário e a pia batismal. O bispo diocesano convidou ainda o novo pároco a sentar-se na cadeira da presidência para que se lembre da sua missão de presidir àquela comunidade, servindo-a.

O padre Mário de Sousa, de 41 anos, que já era pároco da paróquia da matriz de Portimão, testemunhou o sentimento que o acometeu aquando da proposta de D. Manuel Quintas. “Humanamente, senti-me angustiado. Aqui estou, confiando na graça de Deus, disposto a dar aquilo que puder mas a pedir também a vossa compreensão porque nem sempre é humanamente possível”, afirmou, garantindo querer “gastar a vida” para anunciar Jesus Cristo e agradecendo a disponibilidade do padre Estêvão Jardim, que ali assegurou a paroquialidade desde a morte do anterior pároco, e dos dois diáconos para o acompanharem na nova missão. “O diácono Miguel Ângelo será ordenado sacerdote dentro de pouco tempo e, assim foi combinado com o senhor bispo, aqui ficará para que, todos juntos, possamos servir no espírito da humildade e do serviço estas duas paróquias que o Senhor quer a caminhar em conjunto porque todos juntos somos a única Igreja de Cristo”, acrescentou.

O sacerdote garantiu ainda que aquela paróquia “procurará, juntamente com o seu pároco e todos os seus servidores ser fiel à Igreja” e a Jesus Cristo. O padre Mário de Sousa lembrou ainda que o padre Arsénio de Silva “não morreu mas está vivo”. “Se celebramos Eucaristia na terra, ele já a pôde celebrar diante do rosto luminoso de Deus e com certeza que se encontra muito feliz por sentir que a «semente» que lançou à terra com a sua própria vida, com a entrega de todo o seu ser, germinou, há-de crescer e dar muito fruto”, afirmou, desafiando os paroquianos das duas comunidades a caminharem e a trabalharem em conjunto “para que o Senhor possa chegar a tantas casas onde ainda não chegou”.

No final da celebração, D. Manuel Quintas pediu ainda aos cristãos que continuem “firmes na oração pelas vocações” e “constantes na oração pelos sacerdotes”.

Samuel Mendonça