A paróquia e a freguesia de Olhão assinalaram ontem os 325 anos da sua criação, cujo aniversário ocorreu a 10 de julho deste ano.
Para assinalar a efeméride, a paróquia e o município de Olhão uniram-se na constituição de uma comissão que preparou o programa das comemorações. No âmbito desse programa realizou-se ontem, dia da festa da padroeira Nossa Senhora do Rosário, uma eucaristia a que presidiu o bispo do Algarve na paróquia de Olhão.
D. Manuel Quintas lembrou aos olhanenses que eles são “descendentes” e “herdeiros” da fé que lhes foi transmitida ao longo de todos estes anos.
“Nós (eu também como o bispo da diocese), neste momento histórico que vivemos, somos descendentes, herdeiros da fé que nos foi transmitida por aqueles que nos precederam”, afirmou.
O bispo diocesano comparou esse legado da fé a um rio. “É como um rio que se formou nessa altura, no qual nós nos dessedentamos, mas que alimentamos também como foi alimentado ao longo destes séculos por aqueles que nos precederam, que aqui viveram, que aqui acolheram a fé, a celebraram e testemunharam. E é essa missão que queremos hoje renovar, assumindo e renovando a nossa condição de membros desta comunidade cristã, alimentando este «rio» que queremos que continue a correr e a dessedentar as gerações vindouras”, afirmou, considerando que “o modo de alimentar este «rio» é através da celebração, do testemunho e do anúncio desta fé às novas gerações”.
“E para que isso aconteça é importante não perdermos de vista não só às origens, mas também esta história daqueles que nos precederam”, prosseguiu D. Manuel Quintas, lembrando o protocolo da paróquia com a autarquia para o tratamento e a digitalização de todo o fundo arquivístico, através do Arquivo Municipal, e o trabalho de conservação e restauro das peças do espólio museológico paroquial, a cargo da equipa do Museu Municipal, que a partir de ontem ficaram patentes numa exposição no edifício do Compromisso Marítimo, inaugurada após a eucaristia.
“Conhecendo o nosso passado, conhecermo-nos melhor”, realçou, lembrando que “um povo sem história e sem passado é um povo que não sabe quem é”. “Quem não sabe de onde vem nem para onde vai, está nalgum lugar mas não sabe onde está”, advertiu.
D. Manuel Quintas considerou que o bispo do Algarve da altura, D. Simão da Gama, “certamente foi sensível ao pedido dos cristãos de Olhão no sentido de constituírem uma nova paróquia” em 1695. “E foi isso que aconteceu, desmembrando a paróquia de Quelfes e indicando certamente, também a pedido das gentes daqui de Olhão, Nossa Senhora do Rosário como padroeira desta nova comunidade cristã que a partir desse momento aqui iniciava o seu caminho”, desenvolveu.
O responsável católico exortou o povo olhanense a não perder de vista a devoção a Nossa Senhora. “Sabemos que os tempos que atravessamos não são fáceis, como tantos outros que viveram aqueles que nos precederam. Mas sabemos também que temos o apoio que a fé nos permite e a devoção a Nossa Senhora, evocando de maneira particular Nossa Senhora do Rosário como este povo de Olhão sempre fez ao longo destes 325 anos. Queremos ver nela a mãe que protege, que ampara, que guia sempre, particularmente em momentos difíceis como este que atravessamos. Continuai sempre a ver em Nossa Senhora do Rosário a vossa padroeira neste caminho de fidelidade àqueles que nos precederam”, pediu.
Ontem, e por causa da pandemia de Covid-19, não se pôde realizar a tradicional procissão em honra da padroeira.
No âmbito das comemorações dos 325 anos será ainda editado um catálogo ilustrado, constituído pelo património recuperado e inventariado do fundo arquivístico e do espólio museológico.
O pároco de Olhão, padre Armando Amâncio, referiu ao Folha do Domingo que a proposta apresentada ao município visou “acautelar as perdas” de documentação, alguma da qual em muito mau estado de conservação, e sublinha que a paróquia ficou com o património todo inventariado.
A exposição, cuja montagem se atrasou por causa da pandemia, inclui imagens, ourivesaria, alfaias litúrgicas, paramentos, pinturas, entre outras peças.