As bodas de ouro da ordenação sacerdotal do padre, de 75 anos, natural de freguesia de São Roque, concelho de Oliveira de Azeméis, da Congregação do Santíssimo Redentor, também conhecida como congregação dos missionários redentoristas, foi assinalada na eucaristia presidida pelo bispo do Algarve na igreja de Santa Maria de Lagos.

D. Manuel Quintas deu “graças a Deus pelo dom do sacerdócio que concedeu ao padre Almeida há 50 anos” e agradeceu também á congregação dos missionários redentoristas pela “presença, dom e serviço” daquele sacerdote na diocese algarvia, concretamente na paróquia de Santa Maria de Lagos. “Damos graças a Deus por todas as sementeiras da palavra e do anúncio do reino que a família e os missionários redentoristas vêm realizando ao longo de algumas décadas nestas nossas terras algarvias”, começou por agradecer o prelado.

Lembrando que “o sacerdócio é um modo, entre tantos, de realizar a vocação batismal”, lembrou a humildade e a gratuidade como “maneira de ser e de viver” que “deve ser caraterizar todos os batizados e, de modo particular, aqueles que são chamados a ser dom de Deus para os outros através do ministério ordenado”.

O bispo do Algarve desejou que aquela celebração constituísse “apelo e interpelação a todos, de maneira particular aos mais novos”. “Vós também podeis ser chamados a substituir o padre Almeida, a ser missionários e missionárias aqui no Algarve e fora dele. Há muitos anos que aqui, em Lagos, não há uma ordenação sacerdotal. Será que Deus não chama gente aqui de Lagos? Chama, sim senhor. é preciso é estar atentos e em sintonia”, alertou, dirigindo-se aos mais novos da assembleia

O padre António Marinho de Freitas, superior provincial da Congregação do Santíssimo Redentor, agradeceu ao aniversariante pela “eleição e serviço como sacerdote” e considerou que “o mais importante do padre Almeida não é tanto os lugares por onde passou mas, sobretudo, a sua vida e o seu estilo de ser”. “Os seus discursos de sabedoria são mais gestos de presença. A sua sabedoria é mais a de abrir o ouvido e o coração para escutar. São os pobres que dizem muitas vezes da bondade do padre Almeida. Os desempregados e sem-pão são os que, muitas vezes, procuram o padre Almeida e ocupam o seu tempo”, complementou, lembrando que, no Brasil, a ação do padre Abiílio Almeida em defesa dos pobres “fê-lo estar na mira dos políticos locais”

Após a intervenção de uma representante da paróquia que agradeceu em nome de todos ao aniversariante com a entrega de uma lembrança, o padre Abílio Almeida interveio para agradecer a homenagem. “Trabalhei pelo saber escutar. Aprendi que escutar é uma virtude muito grande. Ao longo da minha vida, não pensem que foi tudo perfeito. Se fosse a reviver a minha vida teria feito praticamente tudo igual, excepto alguns detalhes”, afirmou, agradecendo ter sido sempre “bem acolhido” na paróquia

O padre Abílio Almeida, que no início da celebração foi presenteado pelos paroquianos com uma nova casula com que concelebrou, ingressou em 1950 no Seminário dos Missionários Redentoristas de Vila Nova de Gaia, onde, após seis anos de estudo, rumou a Nava del Rey (Espanha), na província de Valladolid, onde fez o noviciado.

A 15 de agosto de 1957 tornou-se Missionário Redentorista e continuou os estudos superiores no Seminário Internacional da congregação na cidade de Valladolid até 1964, tendo sido ordenado sacerdote no dia 1 de setembro de 1963 no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dos missionários redentoristas, na cidade do Porto.

A 9 de janeiro de 1965 foi nomeado para a missão redentorista de Angola, onde chega em maio do mesmo ano. Trabalhando na zona mais pobre do país, a sul, nas chamadas”Terras do Fim do Mundo”, aí permaneceu até 1975, ano em que vindo de férias a Portugal não pôde regressar (como a maioria dos missionários redentoristas), em virtude da Guerra Civil em Angola, após a independência

No ano seguinte, o padre Abílio Almeida ruma ao Brasil para a zona pobre do nordeste, trabalhando com o bispo redentorista da Diocese de Juazeiro, D. José Rodrigues. Ali permaneceu 10 anos, regressando a Portugal em 1986. Veio para a comunidade de Lagos, tornando-se missionário itinerante, sobretudo na Diocese de Beja, onde trabalhou até 1996, data em que assumiu as paróquias de Bensafrim, Luz de Lagos e Budens. Em setembro de 1999 assumiu a paróquia de Santa Maria de Lagos, bem como o serviço de superior da comunidade redentorista de Lagos, tendo promovido a construção do Centro Paroquial de Almádena e os acabamentos do salão paroquial de Burgau.