O padre César Chantre agradeceu a presença de todos, particularmente a “solidariedade” manifestada pelos colegas sacerdotes e a significativa presença do seu pai, oriundo de Cabo Verde, “em representação da família”.
Aproveitando o facto de a Igreja estar a celebrar a vigília de São Pedro e São Paulo, o sacerdote confrontou o exercício do seu ministério com “as duas colunas da Igreja”. “Esta noite, senti-me um missionário abaixo de pobre. Interroguei-me que tipo de padre tenho sido”, confessou, expressando uma espécie de ato penitencial. “Houve momentos de sombra em que não consegui ser aquele tipo de padre que a Igreja sempre esperou de mim, porque missionário significa estar permanentemente disponível para se entregar a favor de Jesus Cristo e, às vezes, permito que o mundo não me deixe ser esse missionário”, reconheceu.
O sacerdote propôs então uma “revisão de fé interior” para que cada um possa “assumir as suas responsabilidades”. “Como tenho vivido a minha fé? Onde está Jesus Cristo na minha vida?”, interpelou, apontado a razão de ser daquela celebração. “Hoje estamos aqui para colaborarmos na edificação da fé deste padre e de todos os padres que aqui se encontram e de todos os outros que espiritualmente estão connosco”, complementou, dirigindo-se de seguida aos leigos. “Nós, padres, temos a nossa missão, mas não podemos ocupar o vosso lugar de missionários”, advertiu.
O padre César Chantre, que invocou a memória dos cerca de 4 mil sacerdotes mortos, de 1933 a 1945, pelo nazismo, explicou ainda o significado pessoal das suas bodas de prata sacerdotais. “A celebração dos 25 anos é para mim quase a celebração dos 50 anos porque os meus colegas tiveram o privilégio de serem ordenados com idade muito mais jovem. Provavelmente não chegarei à celebração dos 50 anos, pelo menos no exercício desta função aqui nestas zonas, e é por isso que eu tomo esta como uma celebração muito significativa”, disse.
A celebração contou ainda com uma encenação dos jovens com invocação às diversas áreas de incidência de trabalho pastoral do seu pároco e com os testemunhos do padre Mário de Sousa, do paroquiano Marco Matos e do bispo do Algarve que fez questão de estar presente no final da Eucaristia.
O padre Mário de Sousa lembrou o trabalho do homenageado na Diocese do Algarve, particularmente no Seminário diocesano e a lecionação da disciplina de EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica no antigo Liceu de Faro e o acólito testemunhou o seu carisma para o relacionamento com os jovens.
D. Manuel Quintas manifestou o seu agradecimento ao sacerdote jubilado “pelo dom que é como pessoa e como padre”. “Muito obrigado pelos 25 anos de serviço na Igreja do Algarve e nos lugares onde a Igreja do Algarve o enviou: no Exército, na GNR, na pastoral das paróquias, na cultura, no Colégio de Nossa Senhora do Alto e na pastoral universitária”, afirmou o prelado, lembrando que, “quem se cruza com o padre César parte sempre com o coração cheio de alguma coisa: um gesto ou acolhimento, orientação ou estímulo para a vida”.
O bispo do Algarve destacou o “acolhimento, a alegria, a doação, o sentido de entrega” do sacerdote. “Um dos grandes dons do padre César e destes 25 anos de sacerdócio é o facto de haver, nesta paróquia, um seminarista que está na parte final do seu caminho para o sacerdócio e de uma jovem que fará brevemente a sua profissão religiosa”, destacou.
A celebração contou ainda com duas interpretações especiais protagonizadas por uma cantora lírica do Coro Paroquial de Paderne e pela fadista Raquel Peters.