O sacerdote jesuíta, que fez parte da sua formação na Alemanha, e aonde faz questão de se deslocar todos os anos, aponta o dedo à educação em Portugal, concretamente ao “aumento da delinquência juvenil, dentro e fora das escolas, dentro e fora das famílias”. “Andaram, nos últimos anos, em Portugal, os ministros da (des)Educação a rodear infantários, escolas e liceus com redes, grades, portões e seguranças à porta dos estabelecimentos, transformando-os em «cadeias»… Como hão de as nossas crianças e adolescentes aprender a ser livres e responsáveis? Pensaram os nossos ministros da (des)Educação que essa seria a melhor maneira de os disciplinar”, lamenta o padre domingos da Costa, considerando que “o que tem acontecido é o contrário”.
O presbítero testemunha que, na cidade de Langen (Alemanha), onde esteve uma vez mais no último verão, “as escolas primárias e secundárias estão abertas, sem redes, sem grades, sem muros e sem seguranças à porta”. “A maioria das crianças da escola primária deslocam-se sozinhas ou em grupos de amigos ou vizinhos, a pé, para a escola. E os alunos de outros ciclos vão, de igual modo, a pé, ou de bicicleta (os enormes átrios do liceu ficam repletos de centenas delas)”, relata, considerando que “Portugal tornou-se uma sociedade paranóica e esquizofrénica, vendo o perigo de rapto de crianças em todos os cantos”.
Por outro lado, o padre domingos da Costa lamenta ter-se enveredado em Portugal por um caminho que considera de facilitismo. “Pensaram os nossos ministros da (des)Educação –, apoiados, infelizmente pela maioria das famílias –, que o melhor caminho para levar as crianças e jovens a gostar da escola e do estudo era o facilitismo. Agora temos milhares de licenciados – doutores – com quem não podemos contar para nada”, critica.
O sacerdote reprova ainda o desaproveitamento do contributo do relacionamento intergeracional para a educação. “Dificultou-se o contacto das crianças e adolescentes com as pessoas idosas – os avós – condenados a viver em lares, ou sozinhos, quando poderiam ser uma enorme ajuda na educação dos mais novos, graças à experiência da vida”, escreve.
Por fim, condena a pretensão de banir da escola qualquer elemento de conotação religiosa. “Pretendeu-se acabar com a presença Igreja nas escolas, proibindo e/ou dificultando a disciplina de Educação Moral e Religiosa, na suposição de que, quanto menos valores de conotação cristã, tanto mais livre e moderna seria a nossa sociedade. Ora o resultado é o que está à vista de toda a gente”, refere, testemunhando que, na Alemanha, esta disciplina ou a Ética, como alternativa, é obrigatória. “Se os nossos governantes não querem Educação Religiosa Católica nas escolas, introduzam a Educação Moral e Cívica, que eu preferiria, já que as pessoas, por falso jacobismo e anticlericalismo primário, não querem ouvir falar de Educação Moral Religiosa”, acrescenta.