"Na sua conferência sobre “Os Ministérios na Nova Aliança”, o sacerdote lembrou que, no Novo Testamento, “o primeiro ministério e o mais importante é a pregação do Evangelho e, em segundo lugar, a construção da comunidade”. Neste contexto, o orador explicou que, pese embora o primeiro ministério fosse o anúncio do Evangelho, dentro da comunidade também há serviços, logo desde Jesus. “Há, desde o início, o ministério específico e especial (dogmático) de Pedro que tem a missão de proclamar a fé e, em segundo lugar, um ministério que tem a ver com mais a vida do dia-a-dia, com a vida pastoral”, justificou.

A partir de São Paulo, destacou que “é ao serviço da unidade da comunidade que são criados os ministérios”. “Todos os serviços são um carisma e um dom do Espírito Santo, dado, não para o prestígio ou satisfação de cada um, mas para a edificação da comunidade porque é a comunidade toda que é corpo de Cristo”, disse, advertindo que “não há membros mais importantes do que outros, embora, a nível de funções, não seja tudo igual” porque “há distinções”. “Podes ser um grande catequista ou salmista, mas se não tiveres caridade és «como bronze que tine»”, advertiu, sublinhando a importância da dimensão caritativa.

Neste sentido, explicou ainda que “são as necessidades e a prática da comunidade que levam à criação do serviço, por isso os ministérios não são sempre os mesmos nem têm sempre o mesmo conteúdo”. Por isso, os “ministérios são entregues pela comunidade” “para responder a situações concretas”. “Não são por gosto de quem os recebe, nem por proposta pessoal”, advertiu, lembrando que “não há candidatos”. “A Igreja nomeia aqueles que sente que são as pessoas escolhidas e melhores para exercer determinado ministério”, justificou, acrescentando que “isto implica uma Igreja muito madura”.

Por outro lado, o conferencista destacou a importância da “pertença efectiva à comunidade”. “Mesmo que a pessoa tenha muitas qualidades, se não pertence à comunidade não exerce em nome e para a comunidade o ministério”, evidenciou.

Afirmando que o ministério exerce-se “em grupo ou colégio e não a título individual”, destacou que se trata, “não da transmissão de funções, mas de um serviço que o Senhor entregou à sua Igreja”. “Um padre que exerce o seu ministério fora do presbitério e as suas funções à margem da Igreja e segundo os seus critérios também é qualquer coisa que está a destruir o Corpo de Cristo”, criticou.

O padre Mário de Sousa explicou ainda que a Igreja “vai evoluindo, amadurecendo e desenvolvendo os seus serviços” e deixou claro que “nada na comunidade se realiza sem a intervenção dos apóstolos”, cujos sucessores são actualmente os bispos. “São o ministério fundamental porque fundado por Jesus, do qual derivam todos os outros ministérios”, afirmou.

Lembrando que existe uma “estrutura ministerial carismática (de carismas)” e uma outra que “implica a autoridade”, deixou claro que a Igreja “apenas existe” quando as duas estão asseguradas.

A terminar, concluiu afirmando que “o carisma é um dom de Deus e um resultado e acção da graça de Deus” em cada um e não um “jeito” para determinada função.

Samuel Mendonça

Ouça a conferência:

"Os Ministérios na Nova Aliança"