Na manhã de ontem, o sexto dia da peregrinação jubilar que a Diocese do Algarve está a realizar a Roma, no âmbito do presente Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo papa Francisco (dezembro de 2015 a novembro de 2016), os peregrinos saíram de Roma e rumaram ao sul de Itália para visitarem, na região da Campania, Pompeia e Monte Cassino.
Após a viagem, durante a qual recitaram o rosário, passando ao lado de Nápoles, os peregrinos chegaram à cidade de Pompeia, para a visita às ruínas do vulcão Vesúvio que no ano de 79 deixou a antiga cidade do Império Romano debaixo de mais de 20 metros de material vulcânico composto por cinzas e pedra-pomes.
Os peregrinos puderam visitar as ruínas, descobertas em 1700, das casas, do teatro, do fórum triangular, da praça principal, dos mercados, dos banhos (frios e quentes), do ginásio e do templo dedicado a Vénus na cidade que na altura da destruição tinha muita atividade comercial. Foram ainda apreciados os moldes em gesso dos corpos de pessoas e animais encontrados no local que morreram asfixiados, sendo surpreendidos pelos gases vulcânicos, bem como das peças de mobiliário, entre objetos descobertos.
Depois do almoço, os peregrinos foram a Monte Cassino, no cimo da cidade com o mesmo nome, para a visita à abadia onde São Bento viveu a maior parte da sua vida e onde fundou a Ordem Beneditina.
Chegados ao local, a 520 metros de altitude, os peregrinos atravessaram a «Porta Santa» e participaram na celebração da eucaristia presidida pelo bispo do Algarve. D. Manuel Quintas destacou aquele como um “lugar significativo para a história da Igreja e para o monaquismo no Ocidente”. O prelado evidenciou São Bento como “um santo que foi e ainda está a ser decisivo para a construção da Europa e que o papa João Paulo II apresentou como um dos padroeiros da Europa”.
Lembrando que também existem beneditinos em Portugal, D. Manuel Quintas manifestou um desejo. “Que o tempo que aqui estivermos seja um tempo que nos ajude a dar espaço na nossa vida à ação de Deus. Aqui [os monges] sentiam-se mais próximos de Deus, não pela altitude, mas sobretudo por ter um coração mais disponível e mais atento à ação de Deus, porque mais longe de todos os barulhos. Que esse silêncio exterior possa transformar-se em silêncio interior fecundo dessa presença de Deus”, desejou na celebração em que se rezou pela Europa.
Depois da eucaristia, os peregrinos puderam visitar na basílica catedral o túmulo de São Bento que nasceu no ano de 480 e morreu no de 547, tendo construído a primeira capela naquele local, dedicada a São João Batista, em 529. A abadia sofreu quatro ataques, mas os túmulos de São Bento e da sua irmã gémea, Santa Escolástica, ficaram intactos. Na última destas ofensivas, durante a Segunda Guerra Mundial, caiu uma bomba em cima do altar com a urna de São Bento, mas que nunca explodiu. No claustro também só a estátua do santo ficou intacta após os bombardeamentos.
Na visita à parte antiga do mosteiro onde atualmente vivem 15 monges, os peregrinos admiraram a Rocha dos Milagres e a cela de São Bento, dentro da torre romana, onde o santo escreveu a Regra Beneditina “Ora et Labora (reza e trabalha)”.
Hoje, os peregrinos participarão na Audiência Papal e, de tarde, na eucaristia na igreja de Santo António dos Portugueses, antes do embarque para regresso a Faro.
Samuel Mendonça, enviado de Folha do Domingo a Roma