"Governo e ‘troika’ para a rua", "chega de austeridade", "queremos trabalho", eram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, que começaram a concentrar-se pouco depois das 16:00, percorrendo algumas artérias da capital do Algarve, e terminando no jardim Manuel Bívar, junto ao passeio ribeirinho.
Às cerca de mil pessoas que partiram do Largo do Carmo, ao longo do percurso juntaram-se muitas outras, e, de acordo, com elementos da polícia, no protesto "terão participado mais de 5.000 pessoas".
"Esta manifestação é das maiores de que há memória em Faro", destacou a mesma fonte.
"Não aguentamos mais. O povo tem de fazer alguma coisa para travar este Governo", disse à Lusa Maria do Rosário, de 52 anos, escriturária desempregada, residente em Faro.
A situação económica, com duas filhas menores a seu cargo, foi o que a impulsionou a sair à rua e a protestar contra o que chama de "miséria coletiva".
"Desde há um ano que tenho vivido de esmolas dos vizinhos para conseguir sustentar as minhas filhas", sublinhou, emocionada, ao recordar a sua situação económica, acrescentando que "já não tem esperança alguma neste Governo".
Ao seu lado, Gertrudes Morais, de 54 anos, empregada doméstica, e residente em Faro, também participou no protesto, "face à situação dos dois filhos desempregados".
"Estou aqui por eles e pelos meus netos. Já não sabemos o que fazer com o desemprego. Há muita injustiça. Isto é horrível", afirmou.
Por seu turno, Anabela Quintas, de 26 anos, desempregada, também a residir em Faro, justifica a sua participação na manifestação de hoje com a "injustiça que o povo está a passar".
"Há mais de um ano que procuro emprego diariamente e não há. Os impostos aumentam, o custo de vida, e o pouco que recebo de subsídio de desemprego não chega para comer", destacou à Lusa, durante o protesto.
Entre os milhares de manifestantes encontravam-se dirigentes sindicais regionais.
Além das palavras de ordem, a canção "Grândola Vila Morena", de José Afonso, foi a música que mais se ouviu durante o percurso de protesto contra o Governo e as medidas de austeridade.
Um dos dirigentes do movimento "Que se lixe a ‘troika’", considerou que se tratou do maior protesto realizado na capital algarvia: "Muito superior às cerca de cinco mil pessoas que estimamos que tenham estado na manifestação dos ‘indignados’”, realizada em 2012.
O movimento "Que se lixe a ‘troika’" convocou para ontem manifestações em mais de 40 cidades, em Portugal e no estrangeiro para pedir o fim das políticas de usteridade.
Com o lema "Que se lixe a ‘troika’, o povo é quem mais ordena", as manifestações coincidiram com a presença da delegação da ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), em Lisboa, para fazer a sétima avaliação do memorando de entendimento.
Lusa