O vice-presidente da Plataforma Mar do Algarve defendeu ontem a implementação urgente de um ‘simplex’ do mar, alegando que o desenvolvimento do setor precisa de uma “máquina do Estado a funcionar de forma célere”.
A excessiva burocracia, a morosidade na aprovação de projetos pelos organismos públicos e ainda os elevados custos para as empresas que querem investir no setor são alguns dos problemas apontados por aquele responsável, que representa o município de Faro na Associação para a Dinamização da Economia do Mar no Algarve (Maralgarve).
“É urgente a implementação de um ‘simplex’ do mar, já que o da terra resultou, sem dúvida, num melhor funcionamento do Estado”, defendeu, acrescentando que não só é necessário que os organismos públicos atuem de forma rápida para o desenvolvimento do setor, como são precisas mais estruturas em terra que apoiem as atividades no mar.
João Vargues falava no seminário “A ‘clusterização’ do mar e das atividades do mar”, que decorreu ontem à tarde na Universidade do Algarve, no âmbito de uma iniciativa da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República e que contou com a presença de deputados algarvios, empresários e outros representantes do setor.
A plataforma Maralgarve é uma organização sem fins lucrativos que reúne empresas do setor, municípios, a Universidade do Algarve e a Região de Turismo do Algarve, entre outras entidades.
De acordo com João Vargues, para o desenvolvimento do setor do mar, é necessário separar a administração da fiscalização do setor do mar, ser célere nas alterações legislativas e sua aplicação e ainda apostar em novos mercados.
No mesmo seminário, o responsável da Sociedade de Avaliação das Empresas de Risco José Poças Esteves alertou para as reduzidas infraestruturas de apoio às atividades no mar, quer ligadas à produção de pescado, quer à náutica de recreio, afirmando que isso coloca Portugal num patamar muito inferior a outros países europeus.
Aquele responsável deu o exemplo da reduzida capacidade, em termos de quantidade de mercadoria, dos portos comerciais portugueses e ainda da aquacultura, setor em que Portugal tem um “enorme potencial”, mas cuja produção anual ronda apenas as 7.000 toneladas.
“A produção de aquacultura neste país é zero, em termos de potencial económico”, ilustrou, sublinhando que a produção de pescado através de aquacultura na Grécia é 17 vezes superior à portuguesa, em Espanha é 40 vezes maior e na Noruega 100 vezes superior.