Vários populares relataram à agência Lusa a “falta de condições” do espaço para receber os serviços dos correios e como o pagamento das reformas tem demorado mais do que o habitual.
Vários habitantes referiram que o dinheiro das suas reformas tarda a chegar e as deslocações, por vezes, acabam por ser em vão porque os valores para os pagamentos demoram a chegar ao local, ao contrário do que acontecia anteriormente.
“Nem é seguro para quem vai receber a reforma, nem para quem está a trabalhar”, acrescentou outra moradora, referindo ter havido um assalto no local.
“É um povo muito grande e com muitas pessoas de idade”, notou uma habitante da freguesia, enquanto uma outra manifestava o desagrado por as suas cartas lhe serem entregues por uma funcionária da loja.
O presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime, Rui Mogo, lamentou que este processo tenha sido feito “atrás das costas das pessoas”.
Numa reunião com a administração dos CTT, o autarca foi questionado se a junta de freguesia poderia assumir os serviços da empresa.
“Recusámos porque não temos condições físicas, nem humanas”, relatou à Lusa Rui Mogo, que conta ter sido informado que a solução seria colocar os serviços dos CTT nas mãos de um privado.
A notícia do encerramento chegou à junta de freguesia a meio da manhã do dia em que a estação já tinha fechado portas, lembrou.
“Os CTT não sabem defender os interesses das pessoas”, garantiu o autarca algarvio, afirmando que “seria bom que alguma coisa mudasse” depois da manifestação de “indignação” de hoje, que reuniu várias dezenas de pessoas de freguesias de Norte a Sul do país.
No Parque das Nações, Vítor Narciso, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), referiu que se juntaram hoje frente à sede dos CTT manifestantes do Alentejo, Setúbal, Lisboa, do Algarve e do Minho.
Cerca das 12:00, o sindicalista indicou que ainda “faltavam chegar três ou quatro camionetas”, o que significa “cento e tal a 200 pessoas”.
“Esta é a continuação da luta contra o encerramento de estações e a privatização dos CTT porque as duas coisas estão ligadas e é mais uma fase da luta, que vai alastrar”, indicou Vítor Narciso, referindo a “certa unidade e colaboração” entre o sindicato e as freguesias.
O sindicalista garantiu que a luta “irá até onde for preciso para defender a manutenção das estações de correio abertas e contra a privatização”. “Vai ser até que a voz nos doa”, resumiu à Lusa.
Os manifestantes decidiram não pedir qualquer reunião hoje com a administração.
“A administração dos CTT não merece o nosso respeito por aquilo que está a fazer pela empresa, pelos trabalhadores e pelo país”, argumentou.
Comentando a mudança dos serviços dos CTT, nomeadamente para supermercados, o sindicalista referiu consequências até ao nível do tradicional fiado da província.
“Quando forem receber a pensão, olham para as pessoas de lado porque ainda devem 30 ou 40 euros, o sigilo profissional não está garantido e as pessoas perdem o direito a ter um serviço público de qualidade”, disse.
A 06 de junho, o presidente do conselho de administração dos CTT disse que a empresa estava a terminar o processo de reorganização da rede, que representa um fecho de 124 estações e a abertura de 78 postos de correio.
Lusa