“Para transformarmos a nossa vida pelo amor de Deus precisamos sempre da Mãe. Por isso, não celebramos a Páscoa sem ela”, afirmou o padre anteontem o pároco de Loulé no final da recitação do terço que deu início às festividades em honra de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana», que irão decorrer nos próximos 15 dias.


No santuário de Nossa Senhora da Piedade, o sacerdote, citando o tema escolhido para este ano, desafiou a “Com Maria, fazer da vida oração”. “Fazer da nossa vida uma oração é, como a Mãe de Deus, reconhecermos o senhorio de Deus na nossa vida. Se nós, cristãos, com Maria, a nossa Mãe, aprendêssemos a fazer da vida oração, como as nossas vidas seriam muito mais belas! É aprender com a Senhora da Piedade a dizer, mesmo nos momentos difíceis da vida, como ela o disse: «acredito em Deus, sei que ele caminha comigo»”, desenvolveu.



“Ao descermos hoje este monte irá haver muita exuberação, muitos gritos, muita festa, muita animação, mas o mais importante é, olhando a imagem, trazermos ao coração aquilo que a Mãe nos segreda: «se me amais, fazei a vontade do meu filho. Se me amais e se me acolheis no vosso coração, fazei o que ele vos disser; fazei da vossa vida uma oração e transformais o mundo e tornareis o mundo muito mais belo, a casa de Deus»”, prosseguiu, acrescentado: “A gente grita «Viva à Mãe Soberana!» e ela vive. E vive no coração de cada um de nós quando passamos a vida a fazer bem, quando aprendemos a fazer da nossa vida oração”.


O cónego Carlos de Aquino acrescentou que “ninguém melhor do que ela” dá Jesus e “ensina a seguir Jesus”, ou seja, a ser seu discípulo.


Já na igreja de São Francisco, após uma chuvada inicial que não impediu a descida do cerro em passo acelerado com o andor transportado em ombros pelos homens vestidos de calças e opas brancas, disse que “fazer da vida oração” é acreditar em Deus. “É amarmos com verdade a Deus; é nos tornarmos palavra de Deus e coração de Deus neste mundo; é sermos homens e mulheres de Páscoa; e dizermos sim ao Senhor, mesmo nas horas de calvário, mesmo nos momentos de sofrimento e de dúvida, mesmo quando temos de carregar a nossa cruz”, acrescentou.

O pároco disse trazer ao “coração da Mãe” as famílias, as casas, todo o povo e aqueles que visitam Loulé. “Trazemos ao coração da Mãe os nossos anseios, os nossos sonhos, os nossos projetos, as nossas alegrias, mas também as nossas dores, as nossas dúvidas, as nossas tristezas. Queremos, com a Mãe de Deus, celebrar a Páscoa”, afirmou, interrogando: “Nós, que hoje até gritámos «Viva a Mãe Soberana!», temos a Mãe no coração? Ela ensina-nos verdadeiramente a amar a Deus com todo o coração?”.


O cónego Carlos de Aquino lembrou que Maria “esteve sempre presente junto de Jesus”. “É Mãe que deu a vida por ele e dá a vida pelo mundo sempre, nas horas de alegria e nas de tristeza, nas de dúvida e nas de esperança, nas de amargura e sofrimento, nas de calvário. Ela esteve sempre presente. Até estava de pé junto à cruz. Acompanhou sempre o seu filho quando tantos, que se disseram seus amigos, o abandonaram na hora da verdade”, continuou, questionando: “Mas nós não fazemos o mesmo?”. “Maria ensina-nos uma vida nova e nós estamos dispostos a acolher esta vida para sermos cristãos com verdade, para que aconteça a Páscoa na nossa vida?”, prosseguiu.


O sacerdote lembrou que Maria “esteve presente e quando tantos fugiram, por isso tornou-se a Mãe dos que sofrem, dos que choram, dos que morrem”. “É a Mãe de todas as horas e dá-nos luz. A sua palavra não fere”, sustentou, acrescentando: “Neste dia tão belo de Páscoa, peçamos a graça ao Senhor de aprendermos no regaço da Mãe a sermos filhos de Deus que também possam dar a este mundo a sua luz, a força do seu amor”, exortou

No final da Missa da chamada Festa Pequena, concelebrada pelo capelão do Santuário da «Mãe Soberana», padre Carlos Matos, lembrou que todos os dias, exceto às segundas-feiras, haverá recitação do terço e Eucaristia às 19h com pregação, este ano no decurso da novena, proferida pelos diáconos da diocese algarvia. O cónego Carlos de Aquino recordou ainda que este ano o pregador oficial da festa é o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que estará na conclusão do tríduo e na festa final.
Festa da «Mãe Soberana» terá patriarca de Lisboa como pregador