O presidente da Câmara de Loulé concorda que a economia atual “não respeita os limites do universo e esgota recursos sem qualquer sentido de responsabilidade”.

Vítor Aleixo foi ontem o convidado da edição online da iniciativa ‘Quartas com Cristo’, promovida pela Capelania da Universidade do Algarve (UAlg), que teve como tema “O Humanismo na Defesa da Casa Comum” e foi transmitido em direto na página de Facebook daquele organismo.

No encontro, em que esteve à conversa com Rodrigo Soares, aluno da UAlg, inserido no âmbito da Semana ‘Laudato Si’ que até 24 de maio assinala o quinto aniversário desta encíclica ecológica e social do papa Francisco, o autarca refletiu sobre o alcance do documento.

Vítor Aleixo concordou com o pontífice quando este denuncia que “esta economia mata” porque “gera a pobreza de milhões de seres humanos”. “Não tem de ser assim. Nós temos hoje capacidade técnica e económica para produzir muito mais do que aquilo que necessitamos para ter uma vida digna. O Papa Francisco, nesta encíclica, é verdadeiramente revolucionário porque defende uma economia ética, justa, capaz de fazer feliz a cada ser humano. Todos nós devemos ter direito a uma vida digna com respeito e admiração por todos, onde seja possível exprimir o potencial de cada um e isso não acontece porque esta economia é geradora de desigualdades e de pobreza”, sustentou o presidente da Câmara de Loulé.

O autarca considerou que “esta urgência pandémica vai remeter o homem para o lugar que ele na realidade tem”. “O homem é uma criação e tem limites. O poder hoje da tecnocracia é de tal ordem que o homem deixa de ter noção dos seus verdadeiros limites. E esta pandemia, entre muitos ensinamentos que nos trouxe, trouxe-nos um muito importante: é que, por mais conhecedores que sejamos, por mais poderoso que seja o génio humano no estudo e conhecimento da natureza, há momentos em que temos de ter consciência que temos limites. Esta pandemia fez-nos lembrar que a nossa posição é de humildade neste mundo. Uma posição de autoconsciência, de limites, de humildade e de que o homem não é Deus”, afirmou, considerando que “o homem será sempre um ente do universo, mas muito pequenino e muito insignificante”.

“Nós somos chamados neste momento a responsabilidade de termos uma relação de respeito religioso com a natureza”, sustentou.

O edil defendeu que a atual pandemia deveria constituir uma oportunidade de mudança. “Acho que era uma oportunidade muito importante para cairmos em nós, refletirmos e pensarmos que era bom mudarmos. Estamos neste momento a levar um verdadeiro «murro no estômago». Estamos atingidos com um golpe inesperado. E se não pensarmos agora quando é que vamos pensar?”, prosseguiu, aludindo à importância de “corrigir uma trajetória” que considera “suicida”. “Considero que esta economia nos conduz a todos para um precipício”, reforçou.

O autarca alertou ainda que, com as alterações climáticas, será frequente aparecer, cada vez mais, doenças que aqui não tinham lugar e avançou que o município de Loulé está já a trabalhar para prevenir essa problemática, referindo-se à parceria com a UAlg no âmbito do Algarve Biomedical Center, um projeto na área da investigação das ciências biomédicas. Ainda na dimensão ambiental referiu o projeto conjunto do Geoparque Mundial com os concelhos de Silves e Albufeira.

Vítor Aleixo disse que a encíclica papal “é um guia” que procura aplicar a tantos dos princípios no seu dia-a-dia e na sua prática de autarca.

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