Na passada sexta-feira, dia 3 de Setembro, foi assinado na Sé de Silves entre o Ministério da Cultura, através da Direcção Regional da Cultura do Algarve, a Câmara Municipal e a paróquia locais, o primeiro protocolo relativo ao projecto “Rota das Catedrais”.

Recorde-se que o acordo surge na continuidade da parceria celebrada entre aquele ministério e a Conferência Episcopal Portuguesa, em Junho de 2009, que tem em vista a valorização de 25 catedrais portuguesas através de uma qualificada intervenção de recuperação e conservação que visa oferecer uma proposta de excelência cultural e devolver os monumentos à comunidade.

No Algarve, o projecto integra, para além da catedral de Silves, a Sé de Faro num investimento total de 2,6 milhões de euros – respectivamente 1,1 milhões e 1,5 milhões de euros – a desenvolver até 2013. No caso da Sé de Silves, cuja cobertura foi recentemente recuperada, o investimento de 1,1 milhões de euros será feito em 50% ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional e os restantes 50% serão da responsabilidade dos parceiros (20% do Ministério da Cultura, 70% da Câmara de Silves e 10% da paróquia).

Segundo Dália Paulo, directora regional da Cultura do Algarve, no caso da Sé de Silves, o projecto preconiza três fases, concretizadas em 18 acções, sendo que a primeira, a iniciar já no próximo ano, visa a resolução de todos os problemas estruturais do edifício. A segunda fase implicará a conservação dos retábulos, da talha dourada e da imaginária e a terceira resultará na criação de novas valências: um espaço de acolhimento e um núcleo museológico que permita mostrar o acervo da Sé de Silves. “Isto não se esgota em 2013, mas é o pontapé-de-saída para o que vier a seguir a 2013”, disse Dália Paulo, considerando que não vale a pena fazer este investimento se não se pensar depois nos planos de manutenção.

Também o secretário de Estado da Cultura, presente na assinatura do acordo, confirmou que as catedrais de Silves e Lisboa eram as grandes prioridades deste projecto, pois “necessitam de obras profundas de recuperação”. Elísio Summavielle explicou que o investimento nacional do projecto não está quantificado, mas uma pré-avaliação indica que deverá rondar cerca de 35 milhões de euros.

O governante acrescentou que “importa agora preparar projecto a projecto, quantificar, preparar as candidaturas com as CCDR regionais e encontrar os parceiros”. “A Igreja católica é também um parceiro financeiro importante”, reconheceu o secretário de Estado da Cultura.

No caso do Algarve, a “Rota das Catedrais” tem como parceiros a Direcção Regional da Cultura, os municípios, as paróquias, o Cabido da Diocese do Algarve, a CCDR, a Universidade do Algarve e alguns mecenas.

O governante defendeu que “o Turismo mudou a atitude e paradigma”. “Aquilo que o turista procura é a diferença, a história, as tradições, as festas, a gastronomia”, explicou Summavielle, acrescentando que “hoje ninguém tem dúvidas de que é em torno do património que o investimento deve ser feito porque tem sempre retorno”.

O padre Carlos de Aquino, pároco de Silves, destacou a relação entre a fé e a cultura, sublinhou a responsabilidade de todos pela Sé de Silves e assegurou o “máximo empenho” da paróquia juntamente com as restantes entidades para ajudar na promoção daquele monumento.

Isabel Soares, presidente da Câmara de Silves, considerou aquele investimento como uma “grande lufada de ar fresco” para a Sé porque “os altares e o chão precisam de arranjos bastante grandes”.

Samuel Mendonça