Cerca de 20 professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) no Algarve reuniram-se no passado sábado nas instalações do Seminário de São José, em Faro, para avaliar o arranque e preparar o presente ano letivo.

A iniciativa, promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Escolar (SDPE), contou com a participação do professor Dimas Pedrinho, membro do Departamento da EMRC no Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).
Em declarações ao Folha do Domingo, aquele responsável, que disse ter vindo “para estar e para escutar”, acabou por sugeriu, com base no resultado de um inquérito que o SDPE realizou junto dos docentes para apurar o impacto da pandemia de Covid-19 na disciplina, que “se organize um pequeno grupo de trabalho no sentido de se dar seguimento a uma série de sugestões que os professores trouxeram”.

Dimas Pedrinho defendeu que as mesmas comportam “muitos desafios, muitas possibilidades de trabalho na diocese” e disse ter-se oferecido “para ajudar o Secretariado Diocesano e os professores”. “Não falámos de dificuldades. São situações específicas que encontramos no terreno”, explicou.
Aquele responsável reconheceu que aos educadores é pedido que se reinventem. “A reinvenção é muito necessária. A vida nas escolas é dinâmica e, portanto, os educadores têm de estar permanentemente atentos às situações de vida que vão mudando e a reinventar soluções e a reinventar-se a eles mesmos para continuar a sua missão educativa. Mas isso acontece aos educadores todos. Temos de estar sempre a reinventar-nos porque aquilo que servia ontem, hoje já não serve”, afirmou.
Dimas Pedrinho garantiu que encontrou essa disponibilidade junto dos professores da diocese. “As pessoas estão todas mobilizadas para a missão que lhes foi confiada e só temos é que nos apoiar uns aos outros para ultrapassar os vários desafios que nos colocam”, realçou.
O responsável do SNEC constatou ainda que a realidade no Algarve “tem a suas particularidades” devido ao turismo, a “uma certa volatilidade demográfica” e à diversidade cultural a frequentar as escolas que disse ser “preciso ter em conta”. “Isso é um desafio para nós, mas abre-nos ao diálogo cultural, às estratégias de acolher quem é diferente, a contar com pessoas que vêm de fora, professores, alunos e outros agentes”, destacou, lembrando que “cada terra tem as suas sementes autóctones”. “Acredito que o Algarve tem as suas sementes próprias, situações que estão na terra e que estão destinadas a dar fruto”, prosseguiu, dando como exemplo o da amendoeira. “A flor da amendoeira, que surge quando tudo parece inerte e adormecido, está-nos a dizer que um novo tempo está a começar. Acho que é uma metáfora que ajuda também à nossa missão”, considerou.
No encontro, o assistente do SDPE considerou que “os professores de EMRC têm uma missão heróica, insubstituível”. “Vocês têm uma missão independente, que é passar a mensagem educacional segundo Jesus Cristo aos professores, funcionários e alunos”, afirmou o cónego Carlos César Chantre, exortando os docentes a “passar a mensagem da educação cívica para a espiritualidade” porque “a disciplina é muito mais do que a questão religiosa”.
O sacerdote, que pediu ainda aos professores que procurem estabelecer relação com os párocos locais, desafiou-os a “perceberem como é que podem participar” no Sínodo dos Bispos 2021/2023 que este mês teve início, procurando “auscultar o ambiente” envolvente e “recolher esses dados”. “Se há elementos na Igreja que podem ajudar muito ao Sínodo são os professores de EMRC porque estão inseridos num ambiente que é o do mundo real”, afirmou.

No encontro, orientado pelo professor Luís Martins do SDPE, que terminou com o compromisso e oração dos docentes, entre outras iniciativas, foi-lhes sugerido que aproveitem o entusiasmo do caminho de preparação para a Jornada Mundial da Juventude de 2023 em Lisboa e que participem nas ações planeadas no âmbito da passagem pelo Algarve dos símbolos daquele evento.
A Diocese do Algarve conta este ano com 26 professores a lecionar a disciplina. Para além destes há mais quatro que não estão presentemente a lecionar por estarem a desempenhar outras funções educativas ou de baixa médica.