Pedida pelos professores e funcionários após uma proposta dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), a iniciativa, à qual se seguiu um convívio, teve lugar na igreja das Ferreiras e foi presidida pelo padre Carlos César Chantre que considerou a mesma, um “ato de coragem”. “Hoje, em Portugal, dizer-se em público que se é cristão, é um perigo. E os senhores fizeram-no livremente”, afirmou o pároco de Ferreiras.

“Não sei em quantas escolas de Portugal teria havido um punhado de professores e funcionários que tivessem tido a ousadia e o atrevimento intelectual de vir à igreja da comunidade para pedir a bênção de Deus no início do ano letivo, porque já não sei quantas instituições têm coragem para defender a cultura do povo a que pertencem”, complementou o sacerdote, lembrando que a cultura da Europa tem a sua base assente no Cristianismo. “A nossa cultura tem três fontes: Israel com a fé, Grécia com a filosofia e Roma com o direito. É na mistura destas fontes que se forma a cultura europeia. A Europa faz a síntese destas fontes que vão confluir em Jesus Cristo e sem ele, a Europa não teria a cultura que tem hoje”, evidenciou, questionando: “Quem é que tem medo desta cultura? Quem é que tem medo de Jesus Cristo? Quem é que tem medo da sabedoria?”.

O padre César Chantre exortou a comunidade escolar a prosseguir neste testemunho que agradeceu. “Não tenham medo do vosso povo, dos ventres da nossa mãe. Não tenham medo dos nossos avós. Deem seguimento àquilo que aprenderam em crianças. Se as nossas crianças crescerem neste respeito à sua cultura e ao seu povo, então teremos boas gerações”, advertiu, lembrando-lhes que têm nas mãos o “futuro de Portugal”. “Enquanto há discussões estéreis e inconsequentes, as crianças vão crescendo e os jovens vão-se moldando e, muitas vezes, deixaram de ter pontos de referência”, lamentou.

Considerando que, com aquela iniciativa, a escola veio dar um “abraço à comunidade”, o sacerdote acrescentou que os professores de EMRC “deveriam ser a consciência das escolas” e agradeceu o seu trabalho.

Cláudia Cavaco, professora de EMRC do agrupamento escolar, testemunhou a FOLHA DO DOMINGO o sentimento dos participantes. “Senti que as pessoas gostaram, que ficaram surpreendidas pela positiva e que sentiram que estes momentos também fazem falta ao ambiente de trabalho”, afirmou, lembrando que a iniciativa serviu também para que professores se conhecessem, uma vez que, muitos, “vão trabalhar de uma forma muito próxima”.

Quem também se congratulou com a iniciativa foi António Martins, o presidente da Comissão Administrativa Provisória do Mega-Agrupamento de Escolas de Ferreiras, que integra 11 escolas, desde o pré-escolar ao 2º e 3º ciclo, dos antigos agrupamentos de Ferreiras, Paderne, e Diamantina Negrão de Albufeira, sendo composto por cerca de 220 professores, outros tantos funcionários e cerca de 2200 alunos.

Samuel Mendonça