
Cerca de 150 profissionais da comunicação reuniram-se em Fátima para as jornadas que decorreram nos passados dias 26 e 27 de setembro e que procuraram refletir sobre “O impacto da imagem”, com atenção particular à presença no Instagram.
As Jornadas de Comunicação, integraram pelo segundo ano consecutivo as Jornadas Nacionais de Comunicação Social, promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, e as Jornadas de Comunicação Digital, promovidas pela Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal.
A iniciativa teve lugar na ‘Domus Carmeli’ e contou com a participação de representantes da comunicação de quase todas as dioceses portuguesas, bem como de congregações, institutos e movimentos com trabalho na área da comunicação.
Na abertura dos trabalhos, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. João Lavrador, assumiu que a Igreja “se depara com uma dupla interpelação, seja na utilização cada vez mais criteriosa das redes digitais, seja no diálogo que deve estabelecer, para que estas se tornem veículo de comunhão e de fraternidade, promotoras de uma humanidade onde não haja lugar à exclusão e à marginalização”.
“Tudo o que se possa afirmar acerca da importância das redes sociais, como novos areópagos, orienta-se para a sua utilização para evangelizar de forma adequada na cultura denominada de digital e das novas tecnologias”, observou o bispo de Angra.
Para D. João Lavrador, não se trata de “utilizar, mas de estar nesta cultura para a fermentar com o Evangelho e a tornar verdadeiramente humana”.
O responsável desafiou todos os comunicadores a propor os “valores da comunhão, da verdade, da justiça, do amor e da paz”.

A conferência inicial, ‘Imagem – Um canal de comunicação com o homem da era digital’, esteve a cargo de monsenhor Lucio Adrian Ruiz, secretário do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé).
O colaborador do Papa destacou a importância da “clareza e identidade” da mensagem, com “capacidade e qualidade na sua transmissão”.
“O mundo digital não é um instrumento para usar, mas sim um lugar para habitar”, assinalou o convidado.
O primeiro painel debate sobre ‘Comunicar um evento, um produto, uma pessoa’ teve a participação do youtuber Fábio Lopes, conhecido como Conguito, locutor na Rádio Mega Hits, que falou aos participantes da valorização do “sentido de comunidade”, na comunicação digital, e da importância de apresentar conteúdo com “verdade e coerência”, com o qual as pessoas se possam identificar, mostrando “alegria” no que se faz.
Ricardo Florêncio, responsável da comunicação do ‘Rock in Rio’, sublinhou a importância de “conhecer o público”, incluindo a sua presença nas redes sociais, e o próprio mercado, para adequar a estratégia de comunicação.

Ana Baleizão, responsável de RP e marketing de influência da ‘L’Oréal Grande Consumo’, assinalou por sua vez a necessidade de adaptar os conteúdos à plataforma e “vender credibilidade”.
A tarde prosseguiu com uma conferência de Ivo Neto, jornalista do JN e professor de Comunicação, sobre a forma como a digitalização da Comunicação levou à “convergência”, com a distribuição de conteúdos através de múltiplas plataformas.
O especialista destacou que o consumidor passou a ter um “papel ativo”, deixando de estar no fim da “cadeia da comunicação”.
Em debate, os participantes nos painéis da tarde debateram a necessidade de aplicar à Jornada Mundial da Juventude de 2022, em Lisboa, princípios da comunicação digital, como a figura de um “embaixador”, ou a promoção de eventos paralelos que valorizem a participação na iniciativa.
Os participantes nas Jornadas de Comunicação 2019 defenderam a necessidade de apresentar “rostos” concretos nos vários projetos católicos nas redes digitais.
No momento de partilha de conclusões, oito grupos apontaram prioridades, como a de falar a “linguagem do outro”, com atenção à “ternura” e à escuta, recorrendo a uma “comunidade de publicadores”.
Os participantes convidaram as várias instituições a “arriscar”, dando protagonismo aos jovens, sendo também capazes de mostrar os “bastidores”, sem medo das imperfeições.
“É preciso habitar realmente o mundo digital, comunicando com ternura e autenticidade”, assinalou-se, nas intervenções conclusivas.

Em cima da mesa esteve também a necessidade de centrar-se mais em “causas”, com testemunhos.
Na primeira conferência da manhã, Paulo Salgado, docente da Universidade do Minho, falou sobre a influência e o poder da imagem no Instagram, apresentando “estratégias e práticas” que passam, entre outras, por “construir comunidade”, sem deixar, por exemplo, comentários por responder.
“É importante ser genuíno”, apontou.
O especialista considerou “fundamental” o tipo de interação – seguir, gostar, comentar, responder – e “partilhar pequenas doses de conhecimento”.
Acrescentando uma vertente mais prática às Jornadas, o programa encerrou-se com dois workshops sobre Design de comunicação de eventos (cartazes, posts para várias Redes Sociais) e captação e elaboração de pequenos vídeos institucionais, breves declarações ou entrevistas.
com Ecclesia