Em declarações hoje à agência Lusa, João Ministro explicou que o balanço destes dois primeiros anos é positivo, porque metade dos nove estagiários recém-licenciados na universidade do Algarve ainda estão ligados à iniciativa, foram identificados projetos que podem ajudar ao desenvolvimento e a metodologia está a ser replicada no Minho ou no Alentejo.
“O projeto foi iniciado há dois anos e decorreu uma primeira fase que achamos que foi bastante positiva”, afirmou João Ministro, explicando que foi possível “imprimir localmente uma nova dinâmica, com algumas atividades que ficaram bastante populares, como o Mercado de Querença, que ainda se está a realizar e que não se realizava há mais de 30 anos”.
O dirigente do projeto frisou que foi também constituído “um banco de solos, que está a ser utilizado por alguns jovens”, e outros “estão a com ideias empresariais em preparação” em áreas como a jardinagem sustentável ou a alimentar.
João Ministro disse que alguns dos jovens que começaram a trabalhar no projeto “saíram e enveredaram por outros caminhos”, mas os responsáveis também já esperavam que isso acontecesse e esperam “a breve prazo, antes do verão, poder acolher um novo grupo de quatro jovens” recém-licenciados para tentarem, com os recursos existentes e o potencial disponível, identificar novas áreas que permitam a fixação de pessoas e a criação de emprego.
“O projeto assumiu uma dimensão nacional e está a ser replicado, com a mesma metodologia, em outras zonas do país, nomeadamente m Viana do Castelo, no Alqueva e em Alcoutim”, destacou ainda João Ministro, para quem esta reprodução demonstra a validade do projeto, mas é necessário “dar tempo ao tempo”, porque “não é num ano ou em dois que se inverte uma desertificação de décadas”.
Além dos apoios financeiros da Câmara de Loulé, que atingem cerca de 20 mil euros ano, num orçamento total de cerca de 100 mil euros, o dirigente sublinhou que se tem conseguido angariar apoios de empresas como a Caixa Geral de Depósitos, que “contribui financeiramente com o mesmo montante da autarquia”, ou a Honda, que “fornece material e maquinaria para trabalhar nos terrenos”.
João Ministro sublinhou que o projeto “não esteve isento de erros e há aspetos a corrigir”, como é o caso do alojamento para os jovens, que será criado brevemente e não foi logo pensado de início, mas o balanço global é “positivo”.
O balanço do Projeto Querença foi feito no dia em que deputados da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República visitaram hoje a aldeia típica algarvia, onde em 2011 se iniciou um projeto-piloto de combate à desertificação do interior, com o apoio da Câmara de Loulé e da Universidade do Algarve, para a identificação de áreas que permitam a fixação de jovens e a criação de emprego.
Lusa
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