Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico Viegas, considerou que esse facto é demonstrativo das dificuldades que as empresas encontram para apresentarem projetos em tempo de crise.

“Os critérios de seleção dos projetos são mais apertados e isso cria dificuldades, porque para além de estarmos em período de contra-ciclo económico, dificulta as empresas e os potenciais utilizadores dessas verbas de comparticiparem com aquilo que se chama a contrapartida nacional”, afirmou Elidérico Viegas.

O presidente de uma das principais associações empresariais da hotelaria frisou que “o Algarve saiu do objetivo 1” neste quadro comunitário de apoio, o que provocou uma diminuição dos fundos disponíveis para a região, e isso aumentou a exigência na altura da aprovação de projetos.

“Estamos numa altura em que as empresas têm dificuldade em terem meios financeiros disponíveis para corresponderem. Para além da dificuldade em a ver aprovada e ter que passar o crivo todo da seleção, que é muito rigoroso, ainda tem o problema de ter que haver uma contrapartida por parte da empresa”, explicou.

“Isso dificulta ainda mais o acesso ao fundos”, afirmou o dirigente, para quem a mais baixa taxa de compromisso a nível nacional (25,2 por cento) “não deixa de constituir alguma preocupação”, mas “existe a confiança de até ao final do período as verbas disponíveis não deixem de ser utilizadas”.

O presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), Vítor Neto, considerou “positiva a disponibilização de fundos comunitários para as empresas e a economia da Região” e apelou aos empresários para que, “independentemente dos mecanismos e das dificuldades de acesso, façam esforços para se candidatarem e para os utilizar”, mas frisou que “os resultados não são os esperados”.

“É do conhecimento público que o Algarve tem uma baixa taxa de compromisso de candidaturas a nível nacional e o número de projetos aprovados também não é nada satisfatório”, acrescentou.

Vítor Neto disse que na origem desta baixa taxa de compromisso está, em primeiro lugar, a própria conceção do QREN, que “não tem suficientemente em conta a realidade da economia, dos sectores e das empresas existentes e das diferentes regiões e ainda menos do Algarve”.

O dirigente da NERA considerou que a região foi “discriminada” ao sair do Objetivo 1 e apontou a “fragilidade do tecido empresarial do Algarve” como uma das causas da baixa taxa de compromisso.

A dependência forte do turismo e a inexistência de uma economia diversificada em áreas ligadas “à agricultura e agroindústria modernas e às actividades ligadas ao mar” também foi mencionada pelo dirigente, que lamentou ainda o “processo de estagnação” da economia do Algarve, “que tem reflexo na realidade económica e social da região, nas empresas, no emprego e na sua capacidade de resposta e coragem para avançar para novos projetos”.

Lusa