Os encontros dos alunos da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) realizados ontem e anteontem no Parque da Juventude de Portimão ficaram marcados pela solidariedade para com os colegas ucranianos que estão a sofrer com a guerra.
Nas mensagens que dirigiu nos dois dias aos estudantes, o bispo do Algarve lembrou os alunos filhos de ucranianos que frequentam as escolas algarvias e os colegas refugiados da guerra que têm chegado às àqueles estabelecimentos de ensino. “Não podemos, nem queremos, esquecer-nos deles. Gostaria que cada um de vós fosse quase como um anjo da guarda desses vossos colegas porque eles estão a sofrer muito. Têm lá familiares, têm a sua terra, a sua casa, os seus avós, a sua cultura, como nós temos aqui no nosso país. E esta é uma hora muito difícil para eles. Gostaria que eles se sentissem bem acolhidos por cada um de vós, nos vossos corações, nas vossas escolas, neste nosso Algarve”, pediu D. Manuel Quintas.
O responsável católico, que evocou também as “muitas centenas” de crianças que já morreram desde que teve início a invasão russa, acrescentou que a nível nacional o número de ucranianos acolhidos nas escolas portuguesas já ultrapassa os 1.000 os alunos. “Eu sei que a aula de EMRC não é propriamente para rezar e estais à espera que eu hoje reze convosco por estas crianças. Vou convidar-vos a todos a rezarmos uma Avé Maria a Nossa Senhora para que proteja e abençoe essas crianças”, desafiou, tendo a anuência imediata dos participantes.
O bispo do Algarve congratulou-se ainda com a retoma daqueles encontros, após dois anos de interregno devido à pandemia de Covid-19 e pediu que fossem dias “de festa e de alegria”.
Também a presidente da Câmara de Portimão disse que gostaria que naqueles encontros se falasse de paz. “Como é que cada um de vós consegue construir a paz? Já perguntaram: «como é que eu posso contribuir para a paz no mundo?»”, interrogou Isilda Gomes. “Sendo amigos uns dos outros, cumprindo os valores, tendo Deus como nosso objetivo, sermos fiéis aos seus ensinamentos e aos seus valores”, respondeu.
A autarca, que disse ser “sou católica praticante” e cantar na igreja, considerou que todos têm de “colaborar e cooperar” nesse objetivo. “Na vossa idade, o que vocês têm de aprender é cumprir valores. E os valores da amizade, da solidariedade, da paz, são os valores mais importantes”, alertou, pedindo também aos alunos que ajudem os promotores e as vítimas de bullying. “Que sejam felizes e ajudem os outros a serem felizes também. E se assim fizerem e estamos a cumprir aquilo que Deus nos pede”, concluiu.
Os encontros foram promovidos pela Diocese do Algarve, através do Secretariado da Pastoral Escolar. A diretora daquele organismo, Patrícia Mendonça, também se regozijou com o regresso daquelas iniciativas. À pergunta da professora «qual é a melhor disciplina do mundo?», os alunos não hesitaram na resposta.
Os encontros voltaram a ter uma vertente solidária. Os alunos levaram 321 quilos de bens alimentares não perecíveis para as famílias necessitadas que são apoiadas pela Cáritas Diocesana do Algarve. O presidente da instituição disse-lhes que “têm sido ao logo dos anos um bom parceiro”. “Significa que têm sido bons amigos para aqueles que menos têm. Em anos anteriores vocês contribuíram com 2.000 quilos aproximadamente de alimentos, o que é muito bom”, contabilizou aquele responsável, garantindo que as famílias apoiadas estão “gratas por tanta generosidade”. “Os vossos professores também merecem uma palavra porque também vos incentivam a contribuírem e a serem solidários”, acrescentou.
Mas as jornadas foram igualmente sinónimo de reencontro de amizades e de festa depois de dois anos de interrupção por causa da pandemia. Ao longo dos dois dias não faltou a animação e os alunos puderam realizar várias atividades lúdicas com insufláveis e outras, desportivas e de destreza, tendo havido ainda um concurso de talentos.
No encontro para os alunos do 1º ciclo, realizado anteontem, participaram 264 alunos e 29 professores. No encontro de hoje, para os alunos do 2º e 3º ciclos, participaram 1.166 estudantes e 91 professores. Em ambos estiveram representadas escolas do barlavento ao sotavento algarvio.
