Nesta ocasião, Jesus também teve um gesto significativo, que marca as celebrações de Quinta-feira Santa: lavou os pés dos discípulos num gesto de humildade e serviço, exortando-nos, com o Seu exemplo, a amar e servir um ao outro em humildade: «Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. (…) Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.» (João 13:4-17)

Assim, amanhã, Quinta-feira Santa, celebra-se um pouco por todo o Algarve (e no mundo) uma Eucaristia que recorda a última ceia. Em algumas localidades, nesta Missa, faz-se o “lava-pés”, durante o qual o sacerdote, novamente em memória do gesto de Cristo para com os seus apóstolos, lava os pés de uma ou mais pessoas.

Tem lugar, ainda, a “Missa dos Santos Óleos ou Missa Crismal” (às 10h na Sé de Faro), já que a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos usados nos sacramentos do Batismo, do Crisma e da Unção dos Enfermos e os sacerdotes renovam as suas promessas. Esta é celebrada apenas pelo bispo na sede da diocese.

Recordamos, ainda, que Cristo ceou com seus apóstolos para cumprir a tradição judaica do Sêder de Pessach, na qual se comia um cordeiro puro, recordando a saída do povo judeu do Egipto, guiado por Moisés e a travessia do Mar Vermelho, tal como é relatado no livro do Êxodo. Para os católicos, o cordeiro pascal é o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da humanidade e dado como alimento por meio da hóstia.

A expressão “Endoenças” significa perdão, já que vem do latim indulgentia, que acabaria por permanecer no idioma português como indulgência e indulto. Assim, os dias de “Endoenças” seriam dias de perdão e de concessão de indulgências.