Mosaico_romano_museu_municipal_faroA sala onde está exposto um mosaico romano dedicado ao Deus Oceano, uma das peças mais emblemáticas do Museu Municipal de Faro, reabriu no último domingo com um novo figurino, após nove meses de remodelação.

Segundo disse à agência Lusa o diretor do museu, a sala “Os rostos de Oceanus” manteve-se igual mais de trinta anos – desde que o mosaico foi recuperado, em 1976 -, e não enquadrava a peça na época de prosperidade e poder comercial que a cidade vivia.

“Mais do que uma operação de cosmética, [a intervenção] é um bom exemplo de serviço público na área da cultura e museologia”, afirmou Marco Lopes, explicando que a nova exposição permite uma linguagem mais elucidativa da posição que Óssonoba (Faro) detinha.

O mosaico, encontrado em obras particulares numa moradia junto à estação dos Caminhos de Ferro de Faro, poderá ter sido o pavimento de um edifício público, sugerindo que Óssonoba tinha uma área comercial para além do centro (atual cidade velha).

Segundo Marco Lopes, este deverá ser o mosaico daquela época (que data do final do século II) mais bem conservado a sul do país, uma vez que foi possível recuperá-lo quase na sua totalidade.

“Tudo indica que tenham sido mosaístas [criadores de mosaicos] do Norte de África a fazer esta obra, encomendada por pessoas endinheiradas, com gosto, o que se pode ver pelo requinte decorativo da peça”, observou.

A sala remodelada – financiada por cinco mecenas -, tem como peça central o mosaico, mas conta também a história dos primórdios, apogeu e declínio de Óssonoba, nome que os romanos davam à cidade.

Para isso, a equipa do museu recuperou algumas peças que estavam na reserva, entre moedas, lucernas e ânforas, mas também uma placa visigótica, que marca o declínio do Império Romano, encerrando a exposição.

A intervenção, que custou 25 mil euros, incluiu a sonorização da sala, que terá sons do ambiente marinho, um passadiço elevado em torno do mosaico, e a colocação de informações em português e inglês, ao longo do percurso criado.

A cerimónia de reabertura da sala incluiu a apresentação de uma peça de teatro e uma visita guiada à exposição por João Pedro Bernardes, comissário científico e docente na Universidade do Algarve.

O Museu Municipal de Faro foi o primeiro museu do Algarve e abriu ao público em 1897.