Os pescadores portugueses vão poder pescar em 2011 uma quota 15 por cento maior de pescada e 4 por cento maior de bacalhau, mas a de lagostim diminuiu em 10 por cento, segundo o acordo alcançado em Bruxelas.

Cerca de 80 por cento da frota nacional de arrasto de crustáceos concentra-se no Algarve pelo que será nesta região que as consequências da redução da quota podem ser mais evidentes, diz António Cabral, da Associação dos Armadores de Pescas Industriais

Em declarações à agência Lusa, António Cabral, defende não existirem razões de natureza biológica, científica ou de exploração de recursos para a redução da quota do lagostim, cujos stocks não estão aparentemente em vias de esgotar.

“A frota portuguesa de arrasto de marisco está mais vocacionada para a captura de gamba e camarão do que propriamente de lagostim, que apesar de ser um crustáceo muito valorizado tem menos procura”, diz.

Segundo aquele responsável, o problema que se coloca é que, em anos em que se verifique uma falha nos “stocks” das espécies mais procuradas, os pescadores vão voltar-se para o lagostim e aí a redução da quota pode ter consequências mais graves.

“A grande preocupação é se as espécies tradicionais sofrerem uma quebra”, diz, sublinhando que, quando isso acontece, normalmente de forma inexplicável, há uma corrida à captura do lagostim, espécie alternativa às tradicionais.

António Cabral defende ainda que as unidades funcionais de lagostim na costa portuguesa estão “em melhor estado” do que na costa espanhola e que a espécie não existe atualmente sobre explorada.

Por seu turno, Carlos Silva, da Associação de Armadores do Barlavento, cuja principal actividade é a captura de espécies como a pescada e o tamboril, diz que apesar do aumento das quotas, os pescadores vão continuar a ser penalizados.

“Houve um aumento da quota mas uma diminuição do número de dias, o que não se justifica”, diz, sugerindo que a redução tem a ver com a pressão de “lobbies que existem no setor das pescas”.

Lusa