Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O reitor da Universidade do Algarve (UAlg) considera que “daqui a 10 ou 15 anos o mercado de alojamento dos estudantes vai mudar radicalmente”.

“Não faz sentido que um prédio de cinco andares que possa ter 20 fogos e que dois ou três desses fogos estejam a ser ocupados por estudantes”, afirmou Paulo Águas, considerando que “as necessidades que os estudantes têm encontram melhores respostas noutras soluções que irão ser lançadas no mercado e que são as residências para estudantes”.

Em declarações aos jornalistas, precisamente à margem da cerimónia de assinatura de um acordo de parceria da academia com a Misericórdia de Faro para a abertura de uma nova residência universitária feminina, aquele responsável reconheceu o aumento da pressão sobre o alojamento de estudantes que disse ter aumentado nos últimos “três ou quatro anos”.

Paulo Águas acrescentou que “o número de estudantes a necessitar de alojamento não está nos máximos” da UAlg. “Já atingiu máximos há uns anos atrás, simplesmente a oferta tinha outro cariz: não havia tanto turismo, não havia alojamento local. E esse é que foi o detonador que se associou a um período de regresso ao crescimento dos estudantes na Universidade do Algarve e de aumento das necessidades de alojamento”, observou.

O reitor acrescentou que há dois edifícios em Faro identificados pelo Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, um dos quais foi utilizado pela Universidade do Algarve nos últimos 15 anos, a antiga Escola Superior de Saúde, e também o Palácio Guerreirinho, junto à estação ferroviária, que nunca foi utilizado pela UAlg. O primeiro não é propriedade da academia. “Por razões de ordem burocrática nunca foi possível resolver a questão do registo da propriedade porque é necessário um despacho conjunto do Ministério da Saúde, do Ministério das Finanças e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior”, explicou.

Paulo Águas acrescentou tratar-se de “um edifício do Estado que está na Direção-Geral do Tesouro e Património”. “São eles que estão agora a relacionar-se com a Fundiestamo, entidade responsável por conduzir este processo da transformação de um conjunto de edifícios em residências universitárias, e nós aguardamos”. “Seria bom que daqui a dois anos tivéssemos aquele edifício transformado em residência, assim como o do Palácio Guerreirinho”, desejou.

O reitor acrescentou ainda que a UAlg “não terá ali nenhum investimento”. “Aquilo vai ser financiado por fundos da Segurança Social, com dinheiro dos contribuintes, e esse dinheiro tem que ser rentabilizado”, prosseguiu, explicando que terá subjacente uma “taxa de remuneração” à Segurança Social do capital que ali investir. “A Fundiestamo irá depois fazer um contrato com Universidade do Algarve que irá receber estudantes e ter preços acessíveis que devem ficar abaixo do mercado, mas que não os preços que temos na ação social”, sustentou.

Consciente do interesse que o edifício da antiga Escola Superior de Saúde tem suscitado, Paulo Águas mostra-se tranquilo e diz que, se no futuro, por via de alteração legislativa, aquele edifício deixar de estar no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, isso “nunca será feito de modo a privar os estudantes da Universidade do Algarve de mais alojamento”.

O presidente da Câmara de Faro também concorda que o problema do alojamento universitário tende a resolver-se “naturalmente”, ainda que “com dor”. Rogério Bacalhau diz que na base da problemática houve dois factos: “uma deslocalização da atividade do arrendamento tradicional para o alojamento local” e a paragem da construção. “A partir de 2010, a construção parou completamente num período em que o próprio conselho começou a desenvolver-se”, lamentou.