O bispo do Algarve, o sacerdote assistente e o reitor da Universidade do Algarve (UAlg) pediram aos participantes da ‘Missão País’ que partilhem o que receberam.


D. Manuel Quintas considera a ‘Missão País’ uma “chamada de atenção” para a obrigação que compete a todos os cristãos a partir do Batismo.


“A ‘Missão País’ constitui sempre para a nossa Igreja diocesana uma chamada de atenção para a missão que nos compete a todos a partir do Batismo. E, ao mesmo tempo, é sinal de esperança porque sois vós, jovens, que acolheis esta iniciativa, vos inscreveis e vos dispondes a nela participar”, afirmou o bispo do Algarve aos 39 participantes daquela iniciativa de voluntariado de estudantes da UAlg levada a cabo, de 27 de janeiro a 04 de fevereiro, em Paderne.


Na Eucaristia, a que presidiu no dia 01 de fevereiro na igreja matriz daquela paróquia, o bispo diocesano deixou claro que “a missão é algo que está ligado ao ser cristão, ao Batismo”. “Não é uma espécie de enxerto na nossa vida, não é algo que uns assumem e outros não. Faz parte do ser cristão, do ser discípulo de Jesus, estar em missão ou ser missão. Somos missão na nossa vida com o nosso testemunho, com a nossa palavra também”, sustentou, esclarecendo: “Somos missão. Não somos a missão. A missão é Jesus, é Ele o conteúdo da mensagem da missão”.



Lembrando que “estar em missão significa partir, sair, sentir-se enviado” e “deixar a zona de conforto” e aludindo também à “exigência que Jesus faz” de não levar nada que “sirva de obstáculo à missão, nada que pese durante o caminho”, que “impeça de anunciar o Evangelho e de acolher a todos, de estar presente” e manifestar a sua presença, D. Manuel Quintas disse que “o importante é que quem parte deve ir com o coração livre, liberto, sem se prender a condições que não são importantes”.


“Ser missionário significa sair de onde estamos para ir com o coração aberto à novidade, à riqueza dos outros. Se são de uma cultura diferente, então ainda é maior a riqueza”, prosseguiu, aconselhando a “relativizar aquilo que não tem valor” e que, tantas vezes, “preenche”, “ocupa”, “sobrecarrega” e “angustia”. “Este desprendimento deve fazer parte da nossa vida toda como cristãos missionários e muito mais de quem está numa experiência como esta da ‘Missão País’”, observou.
O bispo do Algarve considerou o lema deste ano – ‘Lança as redes e encontrarás!’ – “muito sugestivo”. “Aponta necessariamente para o mar. Esse «mar» que é o mundo”, comparou, considerando um “dom” para a Igreja algarvia poder “acolher experiências missionárias como esta”.
D. Manuel Quintas disse estar com os missionários da UAlg “desde o primeiro dia”. “Estou unido a vós, a rezar por vós, para que cada um encontre nesta experiência aquilo que procura, aquilo que deseja para si mesmo, para a sua vida futura, para os seus projetos e sonhos. Que nesta experiência possais encontrar uma luz maior que ilumine a vossa vida”, desejou, aspirando a que aquela iniciativa seja “um tempo de graça, de dom fecundo” para cada participante, “de modo que cada um encontre na pessoa de Cristo aquilo que procura para a sua vida, sempre apoiados e acompanhados por Maria”.
O bispo do Algarve, que antes da Eucaristia esteve com os missionários e participou na oração do terço que realizaram, manifestou-se ainda “muito grato por mais uma vez se ter realizado” a ‘Missão País’ na diocese e regozijou-se com a garantia de que terá continuidade por mais dois anos.


No último domingo, 04 de fevereiro, na Eucaristia de encerramento da iniciativa, o sacerdote que assistiu ao grupo disse que aquela semana foi “apenas uma espécie de despertador” para aquilo que devem viver diariamente. “Agora é partir para a vida para viver isto no dia a dia. Se ficarmos só nesta semana que vivemos, não serviu de nada”, advertiu o padre António de Freitas, sacerdote da Diocese do Algarve, considerando aquela experiência “uma doação” de cada participante feita “por amor”. “É isso que faz a diferença na vida das pessoas”, realçou, acrescentando ser “muito bom ver a alegria das pessoas em acolher, em sentirem-se visitadas”.
“Foi uma semana muito boa. Que cada um de nós não espere nada em troca daquilo que fez esta semana”, pediu, agradecendo a “todos os padernenses e às instituições” que colaboraram e ajudaram a tornar possível o projeto. “Sentimo-nos, desde a primeira hora em casa e em família”, garantiu.

O sacerdote, que é também o capelão da UAlg, deixou ainda uma mensagem ao reitor da UAlg, que participou igualmente naquela Missa de encerramento. “Conte connosco para o que precisar na universidade. Estamos também para servir. Disponha, desacomode-nos e peça-nos porque será um gosto colaborar”, afirmou.
Paulo Águas, por sua vez, agradeceu ao capelão “pelo trabalho que tem vindo a desenvolver com os jovens da UAlg” e lembrou-lhes que ingressar no mercado de trabalho é também “servir”. “Saio daqui com um sentimento de gratidão porque estes jovens podiam estar de férias esta semana. Segunda-feira [05 de fevereiro] começam as aulas, tiveram um semestre intenso, alguns com mais exames e outros com menos, e envolveram-se neste projeto. Estas luzes que nos entregaram aqui, levem-nas para a universidade e espalhem pelos vossos colegas, pelos corredores da nossa instituição porque precisamos disso”, disse o reitor.

O pároco de Paderne agradeceu aos universitários por terem escolhido aquela paróquia. “Trouxeram um pouco da vossa vida para o coração desta casa, desta gente. Tenho a certeza que levam no vosso coração as casas que encontraram, os casos que abraçaram, os mais pequeninos que viram e os mais idosos que fizeram sorrir. Deus queira que a ‘Missão País’ na vossa vida não termine hoje e que hoje, enviados para mundo, sejamos capazes de fazer a diferença naquilo que somos, mas sobretudo naquilo que queremos levar como herança para o mundo”, afirmou o padre Pedro Manuel.

O sacerdote agradeceu ainda à “Câmara Municipal de Albufeira, à Junta de Freguesia de Paderne, à Casa do Povo de Paderne, à Santa Casa da Misericórdia de Albufeira na sua valência da Casa da Paz, ao Padernense, à cooperativa e ao Centro Paroquial de Paderne e seus diretores” pelo apoio prestado, bem como “a todos os padernenses que abriram as suas casas e, sobretudo, os corações para o acolhimento desta semana”. “Tenho a certeza de que continuaremos a expressar essa mesma alegria pelos próximos anos”, acrescentou.

A ‘Missão País’ é uma iniciativa universitária que começou com estudantes ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, com 20 jovens, em 2003, e que se organiza e desenvolve a partir de várias faculdades de Portugal. Nela participam jovens de todos os credos e também quem não professa nenhuma religião. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”.
‘Missão País’ da UAlg rumou a Paderne com participantes também de outras universidades (c/vídeo)