Desde um "cabeçudo" Cavaco que pedia "uma esmola para a reforma", até um jipe europeu cheio de arlequins, mas conduzido pelos inevitáveis Merkl e Sarkozy – rumando em direção à França e Alemanha e deixando para trás as placas de Portugal, Espanha e Itália – a atualidade política marcou mais uma vez forte presença.
Entre várias centenas de figurantes e dançarinos, há um Paulo Portas dentro de um submarino e um Zé Povinho sentado num garrafão, mas descontente, gritando contra o "roubo" da festa: "Eu faço tolerância de ponto!".
Zé Povinho que, num carro alegórico um pouco mais à frente, já esquecido de protestos, se ajoelha frente a um imperial senhor da ‘troika’ de bigode façanhudo, sentado em cadeira dourada, de coroa na cabeça e cetro na mão.
Enquanto isto, um dos mais vistosos carros alegóricos do desfile mostra um vagão de montanha russa liderado por José Sócrates, a que se seguem vários dos seus ex-ministros, seguindo setas toponímicas que apontam "reforma", "férias" e "Paris" e deixando para trás "Caia" e "Poceirão".
Um pouco mais à frente, numa das ilhas do desfile, há um carro alegórico liderado por um Alberto João Jardim de tronco nu e dentro de um barril, com um José Manuel Coelho em cima de uma casa típica madeirense, apontando para baixo e dizendo "Cuidado, buracos!".
O desporto não foi esquecido e a exclusão por Paulo Bento dos futebolistas Bosingwa e Ricardo Carvalho merecem um carro alegórico privativo.
Um outro carro homenageia Júlio Guerreiro, até aqui grande organizador do cortejo e um dos louletanos que mais contribuiu para a projeção do Carnaval, desde a sua profissionalização no final da década de 1970.
Reivindicando o título de mais antigo Carnaval do país, com 106 anos, os festejos contam com um orçamento de 250 mil euros, 100 mil euros abaixo do ano passado.
Este ano, a organização decidiu retirar a segunda-feira do calendário dos festejos e colocar o sábado, mas a grande prova de força – à semelhança de outros carnavais do país – será na terça-feira, dia em que os funcionários públicos não terão a habitual tolerância de ponto.
Na reunião de câmara da passada quarta-feira foi decidido dar tolerância de ponto aos 170 funcionários da autarquia, de maioria PSD.
Em todo o Algarve, com 16 concelhos, as autarquias de Albufeira, Faro e Alcoutim são as únicas que decidiram não dar tolerância de ponto, embora não sejam ainda conhecidas as decisões de Silves e Castro Marim.
Lusa