
O Sector da Pastoral Familiar da Diocese do Algarve reuniu no passado sábado os responsáveis paroquiais e vicariais para avançar na preparação do encontro sobre a família, para o qual convergirá o presente ano pastoral de 2019/2020, primeiramente designado de simpósio, mas agora redenominado como colóquio.
No encontro de sábado de manhã – realizado no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro, em que estiveram presentes cerca de 18 casais e dois sacerdotes, em representação das paróquias das quatro vigararias que constituem a diocese algarvia –, foi analisado um documento preparatório do colóquio de 30 de maio de 2020, que tem vindo a ser trabalhado pela equipa do Sector Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) há cerca de quatro anos, mas mais concretamente no último ano.

Em declarações ao Folha do Domingo, Maria Eugénia de Jesus, membro de um dos casais coordenadores do SDPF, adiantou que o colóquio terá como tema “A vida toda, tudo em comum”, uma frase da exortação Amoris Laetitia (A alegria do amor) do papa Francisco. “Todas as intervenções vão ser um pouco nesta linha”, acrescentou, explicando que o encontro pretende marcar não apenas o encerramento o triénio pastoral da Diocese do Algarve, particularmente dedicado à família, mas também os cinco anos do projeto da equipa diocesana da pastoral familiar.
“O colóquio deverá ter uma sessão de abertura, uma conferência temática e depois da hora do almoço teremos um painel em que estas questões emergentes que temos vindo a estudar são operacionalizadas e abordadas por vários intervenientes, podendo no final haver outro painel ou não”, prosseguiu aquela responsável.
Maria Eugénia de Jesus explicou ainda que o encontro de sábado, que teve também o objetivo de “acertar a agenda da pastoral familiar para este ano pastoral”, visou sensibilizar os representantes paroquiais e vicariais para uma preparação em ordem ao colóquio para que a participação naquele evento “seja um momento importante e não mais uma coisa para se participar”. “Quando falamos em preparação é no sentido de alguns documentos da Igreja que precisamos de revisitar”, concretizou.
No encontro com os casais, o assistente do SDPF já tinha desafiado as famílias a refletirem sobre capítulos de documentos como a carta encíclica Laudato Si’, a exortação apostólica Familiaris Consortio ou a exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia.
O cónego Carlos César Chantre destacou também o “caráter sinodal” daquele encontro. Maria Eugénia de Jesus reforçou que, para além de servir para apresentar as ideias da equipa do SDPF sobre o colóquio, o encontro visou “ouvir de uma forma sinodal” os representantes paroquiais e vicariais.

O cónego César Chantre lembrou ainda no encontro que as equipas paroquiais da pastoral familiar devem reunir-se pelo menos uma vez por mês com as famílias para, “antes de mais, criar experiência prática do que é ser Igreja”. “Quem sabe há um casal que, porque está numa situação irregular em termos canónicos, não se aproxima ou um outro casal que gostaria de participar, mas não tem possibilidades financeiras”, conjeturou, explicando que a reunião mensal serve “para aprofundar as relações de afetos” com vista ao testemunho do que é o “espírito de Igreja”.
As famílias em “situação irregular em termos canónicos” são uma preocupação do trabalho da equipa do Sector da Pastoral Familiar da Diocese do Algarve. “A Igreja tem que ser mãe, tem que acolher. Tem que haver permanentemente esta preocupação do acolher, do olhar para quem é diferente, olhar as situações de crise e de passagem. A Igreja tem que estar sempre disponível para fazer isso”, destaca Maria Eugénia de Jesus, lembrando que muitos recasados continuam a ser casais e famílias que têm uma prática espiritual muito “presente e vivencial”.

Também Anabela Afonso, da mesma equipa, reforça que o aspeto da prática religiosa “mais importante enquanto ser humano cristão e membro de uma família é a espiritualidade”. Aquela responsável também realça a importância de a Igreja “manter sempre as portas abertas” e ser “farol”. “Muitas pessoas em situação de norma irregular afastam-se por acharem que não são bem-vindas, que não são bem recebidas. A pastoral da família deve ser, em cada uma das paróquias, mais aberta e mais cativante em relação a todas as situações e a todos os cristãos porque no fundo somos todos iguais. Quem é cristão e ama a Cristo, regularmente ou irregularmente em relação à norma, é cristão, ama a Cristo e deve ser amado pela Igreja”, sustenta.
Anabela Afonso acrescenta ser preciso nas paróquias “desmistificar a ideia de que há duas portas de entrada” na Igreja. “Há uma única porta de entrada, independentemente da situação mais ou menos regular em termos canónicos. E tem que se transmitir isso a todas as famílias que têm dúvidas relativamente à sua aceitação ou não na paróquia”, sustentou, admitindo a necessidade de se fazer depois uma caminhada.