O padre Pedro Manuel pediu aos adolescentes e jovens rapazes presentes que se interrogassem sobre a possibilidade de consagrarem a sua vida a Deus como sacerdotes. “E se, hoje, Jesus Cristo vos pedisse a vida toda?”, interpelou.

O membro da equipa formadora do Seminário de Faro falava na oração, promovida por aquela instituição, que teve lugar na igreja de São Sebastião, após a procissão com o Santíssimo Sacramento que se realizou depois da Eucaristia de abertura do Lausperene Diocesano, na igreja de São Clemente.

“A vossa vida não pode ficar indiferente porque também vós não sois indiferentes ao mundo, também a vossa vida não é indiferente a tudo aquilo que se passa”, interpelou o sacerdote, lembrando que “o tempo passa por todos”. “Hoje somos nós, amanhã é necessário que outras «flores» brotem do «campo» onde também nós brotámos há algum tempo”, afirmou o padre Pedro Manuel, que se referiu à “necessidade do sacerdócio para o sacramento da Eucaristia” e à “necessidade da Eucaristia” para a vida dos cristãos.

“Se sentimos tudo isto, qual a resposta que damos ao Senhor? Terá sido em vão a nossa vinda aqui? Teremos vindo aqui apenas porque o senhor padre insistiu ou a nossa catequista nos convidou? Ou será que ambos foram a voz do Senhor para escutarmos o convite de Jesus: «Tu, segue-me»”, acrescentou aquele responsável, considerando ser “difícil encontrar Deus para dar silêncio ao coração”. “É mais fácil encher a nossa vida com os barulhos do quotidiano, especialmente quando queremos esconder aquele ardor que nos faz «queimar» bem dentro e que parece retirar-nos a tranquilidade até que lhe demos uma resposta”, referiu.

“Nesta noite, o Senhor não nos pede resposta mas espaço para uma pergunta, silêncio para a escuta e que continuemos, com entusiasmo, a pedir operários para a sua messe”, afirmou, lembrando que “os sacerdotes não são peças de museu, mas homens de carne e osso que deixaram a voz de Deus calar mais fundo no seu coração e que permitiram que o amor de Deus fosse mais forte diante de outros amores”.

Entretanto à agência Lusa, o padre Pedro Manuel, que disse ver a diminuição das ordenações “como um sinal dos tempos” e acreditar que “Deus não falha”, manifestou a certeza de que os jovens “vão dar resposta ao chamamento, ao seu tempo e ao seu ritmo”.

O sacerdote admite que haja algum receio em “atender ao chamamento de Deus”, porque os jovens “parecem sentir-se na obrigação de responder ao mundo e às suas famílias”, mas, sublinha, “a principal resposta que têm de dar é a si próprios”. Quando o mais habitual “é casar e formar família”, hoje em dia, ser-se padre é, para este jovem sacerdote, um “ato radical”, que implica muita coragem.

O cónego José Pedro Martins, reitor do Seminário algarvio, agradeceu, em Loulé, o Lausperene por serem também os seminaristas “especiais destinatários” da iniciativa.

Redação com Lusa