A dimensão sociocaritativa está muito presente no primeiro trimestre deste ano letivo na formação dos seminaristas que estão no Seminário de São José de Faro.

“A Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis [documento da Santa Sé relacionado com a formação sacerdotal] apela muito a que se trabalhe a dimensão da caridade e da sensibilidade para a fragilidade e para a pobreza. Neste âmbito entra no nosso projeto formativo que eles façam atividades que lidem no dia-a-dia com estas questões”, explicou ao Folha do Domingo o padre António de Freitas, reitor da instituição dedicada à formação dos futuros sacerdotes da Igreja algarvia.

O Seminário de São José conta este ano com dois seminaristas da Arquidiocese de Évora, mais um do Algarve que está durante a semana a completar o sexto ano de estudos e em pré-estágio pastoral ao fim-de-semana, e que desde outubro colaboram às quartas-feiras no trabalho com os mais pobres acolhidos pelas irmãs Missionárias da Caridade (popularmente conhecidas como irmãs de Calcutá) na sua casa em Faro.

Os seminaristas iniciaram também ontem uma semana de voluntariado no lar, no centro de dia, no refeitório social e no apoio domiciliário da paróquia de Quarteira, onde trabalham as irmãs da Congregação da Divina Providência e Sagrada Família, que se prolongará até dia 24 deste mês.

O padre António de Freitas explicou que nos primeiros três meses deste ano letivo os seminaristas irão trabalhar a “sensibilidade para os pobres e carenciados”, “que não são um apêndice da Igreja, mas lugar teológico onde Deus se revela”. O sacerdote acrescentou que o objetivo passa por “descobrir no rosto do pobre, do miserável e do desamparado o próprio rosto de Cristo” porque a Igreja “percebe que a sua raiz está na pobreza, na simplicidade, na humildade”.

Para além da quarta-feira dedicada à caridade, a rotina semanal dos seminaristas no Seminário de Faro completa-se com a segunda e a sexta-feira de formação teórica, a terça-feira dedicada à palavra de Deus e a quinta-feira dedicada à eucaristia. O domingo é dia de visita a uma paróquia. Para além da celebração da eucaristia dominical, têm ainda oportunidade de escutar a história da vocação de cada pároco, bem como o seu testemunho de vida paroquial.

Esta dimensão será reforçada no segundo trimestre, particularmente dedicado a conhecer e experienciar a vida de pároco. Os seminaristas irão viver uma semana inteira com um pároco e fazer toda a vida que ele faz.

O terceiro trimestre possibilitará a realização de uma semana missionária numa paróquia pequena, atividade que ao contrário das dos dois primeiros trimestres, será feita com os formadores.

O reitor do Seminário explicou que a estruturação do projeto formativo já tinha sido realizada desta forma a título experimental o ano passado e este ano está a ser implementada depois de alguns ajustes.