simulacro_derrame_hidrocarbonetos_portimaoUm simulacro de combate à poluição do mar realizado ontem no porto e ao largo de Portimão “detetou falhas na colocação das barreiras”, admitiu à Lusa o diretor do Serviço do Combate à Poluição do Mar.

“O balanço global do exercício é positivo, embora se verificassem algumas lacunas com a colocação de barreiras de contenção e dificuldades na transição da praia para a linha de água”, disse à agência Lusa Costa Campos, diretor daquele serviço da Autoridade Marítima Nacional (AMN).

Coordenado pela AMN, o exercício “Atlantic POLEX.PT 2016” testou os meios de prontidão e de combate à poluição pelo derrame de hidrocarbonetos, combustível e outras substâncias perigosas no mar, motivado pela ‘colisão’ de navios no porto e ao largo de Portimão.

Participaram no simulacro cerca de 30 organizações, entre as quais a Proteção Civil, a Administração dos Portos de Sines e Algarve, técnicos do parque aquático Zoomarine, a Universidade do Algarve, a Força Aérea Portuguesa, a Agência Europeia de Segurança Marítima e a Sociedad de Salvamento y Seguridad Marítima de Espanha.

De acordo com o diretor do Serviço de Combate à Poluição do Mar, o exercício na costa algarvia “foi um dos maiores realizados em Portugal, ao envolver meios e entidades nacionais e de outros países, o que permitiu criar sinergias para operar os meios”.

“O exercício, que envolveu mais de 350 pessoas, oito navios de grande porte, além de outras embarcações e meios terrestres, correu bem de um modo geral, embora tenham sido detetados alguns pontos que podem e devem ser melhorados, frisou Costa Campos.

Segundo o responsável, foram dados “passos importantes […] ao nível da articulação com a Proteção Civil, no comando e na coordenação”.

“Os dados recolhidos vão ser analisados e avaliados para que se consiga corrigir o que correu menos bem e melhorar os aspetos positivos de resposta a um eventual acidente desta natureza”, conclui o responsável.

O exercício “Atlantic POLEX.PT 2016” foi acompanhado pelo secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, e pelo chefe do Estado-Maior da Armada, Macieira Oragoso.

O secretário de Estado do Ambiente considera que Portugal tem os meios “adequados e necessários” para intervir rapidamente no combate à poluição do mar provocado pelo derrame de hidrocarbonetos ou outras substâncias perigosas.

“Dispomos dos meios necessários, sobretudo, porque também integramos o espaço europeu, onde existe um conjunto de meios que, embora não estando em território nacional, estão à disposição dos países membros”, assegurou Carlos Martins.

O governante garantiu que Portugal “tem contratualizado com entidades europeias, os meios que permitam dar uma resposta eficaz” a um foco de poluição, provocado pelo derrame de hidrocarbonetos e “disporá deles se necessitar”.

Na opinião de Carlos Martins, os exercícios realizados “têm permitido testar os meios, quer de prontidão, quer de intervenção, e são indicadores importantes das necessidades operacionais”.

“Ao envolverem várias entidades de intervenção, permitem melhorar a coordenação”, sublinhou o governante, admitindo que “é no aspeto da coordenação que, muitas vezes, se perde algum tempo na resposta”.

Para o secretário de Estado do Ambiente, durante o simulacro em Portimão, “foi possível ver um conjunto de atores bem coordenados, com o funcionamento articulado dos meios e uma resposta eficaz aos diversos cenários”.

Por seu turno, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Macieira Fragoso, disse à Lusa que o exercício “Atlantic POLEX.PT 2016”, destinado a testar todos os níveis previstos no Plano Mar Livre, de combate à poluição, “decorreu conforme o previsto, atingindo os objetivos”.

“O exercício que envolveu todos os meios que a Marinha dispõe e os conseguidos através da Agência Europeia de Segurança Marítima, permitiu testar os equipamentos, a organização e coordenação entre todas as entidades com intervenção em situações desta natureza, e correu muito bem”, destacou.

O almirante Macieira Fragoso considerou que na costa portuguesa existe “um elevado risco de ocorrer um acidente com derrame de hidrocarbonetos, devido à intensidade de tráfego anual, na ordem dos cerca de 160 mil navios”.

“Temos de estar preparados e ter meios de resposta para proteger a nossa costa”, frisou Macieira Fragoso, acrescentando que “algumas das medidas de proteção implementadas na Europa resultaram da aprendizagem com acidentes”.

“Houve algo que foi conquistado com as lições aprendidas com os grandes acidentes, em particular na nossa zona com o petroleiro ‘Prestige’ que provocou um derrame de mais de 40 mil toneladas de crude”, recordou Macieira Fragoso.

O acidente com o petroleiro ‘Prestige’ ocorreu em novembro de 2002, quando o navio com um comprimento de 243 metros sofreu um rombo no casco ao largo do Cabo Finisterra, em Vigo (Espanha), derramando no mar cerca de 40 mil das 77 mil toneladas de crude que transportava.

“Portugal tem meios, mas quando temos grandes acidentes de poluição, nenhum país sozinho consegue fazer face a estes incidentes, existindo atualmente uma cooperação europeia importante”, concluiu o Chefe do Estado-Maior da Armada.