A possibilidade de a ANA – Aeroportos de Portugal taxar cada aluguer de automóvel às empresas que operam no aeroporto de Faro está a suscitar a preocupação de partidos políticos, da Comunidade Intermunicipal do Algarve e da entidade turística regional.
O presidente do Turismo do Algarve, Desidério Silva, disse à Lusa que procurou encontrar uma “plataforma conjunta de entendimento” com deputados sociais-democratas e socialistas eleitos pelo círculo de Faro, com a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e com a Associação de Empresas de Rent-a-Car do Algarve para que fossem tomadas posições junto do Governo e das entidades responsáveis para “contrariar” a intenção da ANA.
“Manifestei ainda a minha disponibilidade para assinar um documento conjunto da Região de Turismo e da AMAL”, acrescentou Desidério Silva, frisando que a sua intenção é, “mais do que tomar posição pública, tentar mover vontades para encontrar soluções que contrariem esta medida”.
Depois de o PSD ter, através da concelhia de Faro, alertado a Autoridade da Concorrência para o que considerava ser um “abuso de posição dominante” da ANA, o PCP questionou agora o Governo sobre a intenção da empresa que gere os aeroportos nacionais de cobrar 17 euros por cada carro de aluguer entregue pelos rent-a-car na área sob sua jurisdição no aeroporto algarvio.
O grupo parlamentar comunista entregou na Assembleia da República uma pergunta dirigida ao Ministério da Economia e do Emprego na qual questiona o executivo central por não ter respondido no prazo previsto a outra pergunta que o PCP tinha apresentado sobre este assunto em junho de 2013.
“A ANA, agora uma empresa privatizada, pretende impor às pequenas empresas de rent-a-car que operam no Aeroporto de Faro, a partir do próximo 01 de abril, uma taxa de 17 euros por cada viatura entregue no perímetro das infraestruturas aeroportuárias sob sua jurisdição. A imposição desta taxa ameaça a sobrevivência das pequenas empresas de rent-a-car que operam no Aeroporto de Faro e põe em riscos centenas de postos de trabalho diretos e indiretos”, criticou o PCP.
Também a AMAL veio a público criticar a medida, com o seu presidente, Jorge Botelho, a advertir que “põe em causa a sobrevivência de cerca de 40 empresas e mais de 600 postos de trabalho, numa altura em que o Algarve é a região que apresenta a taxa de desemprego mais elevada do país”.
Jorge Botelho considerou, depois de uma reunião que manteve com a Associação de Empresas de Rent-a-car do Algarve, que a cobrança dessa verba por aluguer “não dignifica quem visita” a região, porque as taxas irão “refletir-se inevitavelmente” nos clientes e isso “irá penalizar o setor” do turismo.
“Atendendo à urgência da resolução do assunto em apreço, a AMAL vai solicitar uma reunião ao senhor secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações [Sérgio Silva Monteiro] com vista a expor o atentado de que algumas empresas de rent-a-car do aeroporto de Faro estão a ser alvo e cujo único desfecho possível será o encerramento das próprias empresas”, anunciou ainda a AMAL, no comunicado em que divulgou a posição do presidente.