
Uma recriação de “Frei Luís de Sousa” e uma peça de teatro que aborda a crise financeira mundial e o “Brexit” estão entre as dezenas de propostas do Teatro Lethes, em Faro, cuja programação para 2018 foi apresentada no passado dia 5 deste mês.
Pela primeira vez, o centenário Teatro Lethes recebe um projeto de residência artística, de uma companhia de dança norueguesa, que apresentará, em maio, quatro sessões do espetáculo “Os ursos não ladram”, disse Luís Vicente, diretor de A Companhia de Teatro do Algarve (ACTA).
“Apraz-nos trazer criações que exprimam pontos de vista diferentes do nosso e esta programação é também marcada por isso”, referiu, sublinhando que as propostas do teatro, onde está estabelecida a ACTA, para 2018, refletem uma “lógica de diversidade de género e de temática”.
A peça “Frei Luís de Sousa”, baseada na obra clássica da literatura portuguesa de Almeida Garrett, recriada pela primeira vez pela ACTA, será levada a cena no final do ano, de 29 de novembro a 09 de dezembro, ao abrigo de um “exercício de dramaturgia onde se vão cruzar pensadores contemporâneos”, notou Luís Vicente.
Antes disso, entre 25 de abril e 06 de maio, a ACTA apresenta “Instruções para abolir o Natal”, peça baseada num texto original de Michael Mackenzie, centrado na crise financeira de 2008, mas que foi atualizado para uma nova versão que aborda também a saída do Reino Unido da União Europeia, processo conhecido como “Brexit”.
A programação do teatro para este ano arranca a 26 de janeiro com “A casa no fim de tudo”, dramaturgia baseada num texto de Luís Campião, que estará em cena até 04 de fevereiro, seguindo-se, a 10 de fevereiro, a apresentação da peça “Justiça”, pela Companhia de Teatro de Braga.
Durante o ano, haverá ainda diversos espetáculos de música, nomeadamente um ciclo de grandes compositores clássicos, pela Orquestra Clássica do Sul, e o ciclo de música “Euterpe”, cuja integração na programação da segunda edição do “365 Algarve” foi recusada, este ano.
Luís Vicente disse aos jornalistas “estranhar” a exclusão do projeto daquele programa desenvolvido pelas secretarias de Estado do Turismo e da Cultura para complementar a oferta cultural do Algarve na época baixa, de outubro a maio.
“O [programa] 365 ignorou completamente o fator valorativo Teatro Lethes, pois não é a qualidade da programação que está em causa, o que está em causa é um teatro histórico, por onde não vai passar nenhum espetáculo do 365 Algarve”, sublinhou.
Para assinalar os 20 anos da ACTA, será exibida, a partir de 25 de fevereiro, uma exposição de homenagem a José Louro, fundador da companhia, que reunirá fotografias e outros materiais do pedagogo e encenador.
O serviço educativo da ACTA, que percorre vários locais do Algarve num autocarro que funciona como uma sala móvel de espetáculos, vai apresentar este ano o espetáculo “Uma torneira na testa”, que apela ao uso consciente da água.
Este ano, o Teatro Lethes estabeleceu uma parceria com um restaurante na baixa da cidade, que permite aos espetadores comprarem um voucher de 20 euros, válido apenas para alguns espetáculos, que inclui um jantar e um bilhete, para um deles.
Em 2017, o Teatro Lethes apresentou 111 espetáculos, aos quais assistiram 10.819 espetadores, número que tem vindo sempre a aumentar desde 2013, quando se registou um total de 7.262 espetadores.