“O euro protegeu a nossa fragilidade”, considerou, evidenciando, no entanto, que “as fragilidades da União Monetária ficaram em evidência” como a “falta de coordenação política”.
A deputada do PS, que apresentou uma conferência muito técnica na área da economia subordinada ao tema “O papel da União Europeia no combate à crise – O Euro, o BCE e a Governação Económica Europeia”, defendeu que as consequências da crise atual teriam sido muito mais graves se não tivesse havido a intervenção de Bruxelas. “O euro protegeu a nossa fragilidade”, considerou, evidenciando, no entanto, que “as fragilidades da União Monetária ficaram em evidência” como a “falta de coordenação política”.
A oradora, que defendeu uma “harmonização das políticas económicas e fiscais”, criticou uma “ausência de regulação europeia bancária”. “Em Portugal falharam todos os níveis de supervisão. Todo o nosso sistema assentava na idoneidade dos banqueiros e hoje é isso que está em causa”, admitiu, ressalvando, no entanto, que “na União Monetária é mais fácil resistir a estes problemas”.
Teresa Venda disse ainda que os “indicadores mostram que as medidas tomadas impediram que a deterioração das finanças públicas fosse menos acentuada na zona euro” e que as “respostas dadas à crise são positivas”.
Referindo-se às “respostas imediatas à crise”, apontou o “plano de relançamento da economia”, garantindo que “era preciso introduzir no mercado estímulos e restaurar a confiança na economia”. “Como é que poderemos sustentar o nosso padrão de vida quando confrontados com economias mais competitivas?”, interpelou, evidenciando que “hoje o mundo, e concretamente a Europa, está perante este desafio”. “O problema da Europa é como promover um sistema empresarial novo capaz de sobreviver diante estes desafios”, observou.
Ainda no âmbito das respostas imediatas à crise referiu-se ao mecanismo europeu de estabilização financeira ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e ao Fundo de Resolução de crises nos bancos.
Relativamente à possibilidade de ter de se recorrer a ajuda externa, a deputada lembrou que “Portugal ainda se consegue financiar com taxas abaixo da Grécia e da Irlanda, apesar destes países estarem já a ser ajudados pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional”. “Quando vêm estas ajudas são introduzidas mais restrições e limitações aos cidadãos”, advertiu.
A oradora defendeu ainda o “reforço da coordenação política” e o “reforço das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento” e considerou que “a resposta país a país está a enfraquecer a Europa”. “O eurogrupo está a estudar outras opções para garantir confiança ao sistema”, adiantou.
Relativamente à situação nacional, explicou que, “face à nossa estrutura económica mostramos que apesar de estarmos a controlar o défice, a dívida está a aumentar”. “Temos de reformular o sistema económico, reequilibrar os consumos, contrariar o comodismo e egoísmo”, defendeu.
A terminar, apresentou um sistema alternativo que substitui o conceito de PIB por FIB – Felicidade Interna Bruta com base no bem-estar das pessoas e não apenas em indicadores económicos. O termo foi criado pelo rei do Butão Jigme Singye Wangchuck, em 1972.
Samuel Mendonça
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico